Glintt quebra o silêncio da diabetes com “jogo” para controlo e acompanhamento da doença

Em 2019, a diabetes estava entre as dez principais causas de morte identificadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O relatório “Health at a Glance: Europe”, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) de 2020 reportava que, em 2019, Portugal era o segundo país com a maior taxa de prevalência de diabetes na União Europeia (UE). Já o relatório do Programa Nacional de Diabetes (PND) de 2019 apontava para uma prevalência da doença de entre 10% e 13% da população adulta. Adicionalmente, o relatório “Diabetes. Factos e Números de 2020” aponta mesmo para uma prevalência a atingir os 30% nas pessoas com mais de 60 anos. 

A silenciosa diabetes é uma doença crónica que se traduz na incapacidade de o organismo regular o excesso de açúcar no sangue, pelo que  o pâncreas não produz insulina suficiente ou não a consegue utilizar. As dificuldades agravam-se entre os pacientes diabéticos. Por um lado, aumenta o risco de doenças cardiovasculares e respiratórias, como a Covid-19. Por outro, se não for diagnosticada ou controlada pode resultar em complicações mais graves, como cegueira ou amputação de membros. Mais, também no controlo e acompanhamento da doença, os pacientes dão de caras com uma realidade complexa, mas necessária.

A diabetes Tipo 1 chegou à vida de Jenifer Duarte aos dez anos de idade, que, desde então, passou por “várias fases até à aceitação desta condição, mas nem todos os dias são cor-de-rosa. Costumo dizer que a DT1 é um jogo que jogamos 24 horas por dia, em que não podemos tirar férias, em que o nosso objetivo é termos o máximo equilíbrio das nossas glicemias”. Aos 14 anos, participou na sua primeira Colónia de Férias com outros jovens com diabetes e percebeu “que não estava sozinha”. Agora, com 32 anos e Presidente da Associação de Jovens Diabéticos de Portugal, Jenifer Duarte torna-se embaixadora do Game4Life, uma aplicação móvel desenvolvida pela Glintt Inov para acompanhar os doentes crónicos, especialmente com diabetes Tipo 1 e Tipo 2, que necessitam de ter um plano de acompanhamento prescrito pelo seu médico e farmacêutico de confiança. 

“Felizmente hoje em dia temos várias ferramentas que nos ajudam neste ‘jogo’”, declara Jenifer Duarte – “a monitorização contínua da glicemia permite termos informação em qualquer momento sobre o nível de açúcar no sangue sem necessidade de picar o dedo. No meu caso vejo os meus valores no próprio telemóvel”, explica. A jovem diabética esteve, desde início, envolvida no desenvolvimento e testagem da aplicação, partilhando ideias com outros utilizadores e garante que a “Game4Life permite ajudar os mais jovens na compreensão e aceitação da diabetes Tipo 1, ajudando-os a aumentar o seu conhecimento sobre esta condição através de jogos e conquistas que estão presentes no seu dia a dia”.

Conscientes da problemática, a Glintt decidiu criar a aplicação como se fosse um jogo, através de técnicas de gamification. “O facto de ser uma plataforma de Gamificação dedicada às idades que queremos impactar, as crianças e os jovens com diabetes Tipo 1, faz com que estas pessoas queiram usar, porque é baseada nos seus próprios gostos”, afirma a embaixadora da Game4Life, e continua: “a possibilidade de irmos ultrapassando os desafios e aprendendo mais sobre a doença, mas com uma vertente de jogo e com as mascotes, permite, possivelmente, encarar a diabetes com uma maior leveza, ao mesmo tempo que vamos aceitando e equilibrando a nossa condição. Um dos maiores benefícios que reconheço na app é o facto do registo de glicemias ser divertido e de permitir transmitir a informação para os Cuidadores e para os Profissionais de Saúde”.

A Glintt Inov tem a sua atividade centrada no eixo da Saúde Digital, recorrendo à tecnologia como um “enabler” para “garantir a democratização no acesso à saúde”, reitera Hugo Maia, Diretor da Glintt Inov, que indica que, “quando iniciámos o projeto, que pretendia aliar uma plataforma de Gamificação ao acompanhamento de doenças crónicas, a diabetes surgiu de forma natural como uma das patologias com maior expressão a nível global”.

A Game4Life não é a primeira aplicação para acompanhamento da diabetes. Contudo, segundo o Diretor da Glintt Inov, a diferença está no processo de aprendizagem sobre a patologia – “interativo e que desmistifica a complexidade associada à diabetes”. Para uma gestão adequada da diabetes, processo que deverá ser dinâmico e colaborativo, é necessária a triangulação entre o próprio pacientes, os profissionais de saúde e os seus cuidadores informais. “A aplicação Game4Life cria um ecossistema colaborativo entre estes três atores, que, através do cumprimento de um conjunto de tarefas – a jornada do doente – permite monitorizar a evolução do estado de saúde e promover a adesão à terapêutica, sempre com o acompanhamento do cuidador informal e do profissional de saúde”, realça Hugo Maia. 

As doenças crónicas dependem da evolução de três fatores – hábitos de vida, alimentação e terapêutica. Nesse sentido, a Glintt Inov selecionou a diabetes Tipo I por ser “a mais indicada para podermos ter massa crítica na utilização do Game4Life, pois embora a prevalência não seja a maior, é a que surge mais cedo na vida das pessoas, e a que tem a necessidade de uma gestão mais critica, no que respeita à sua gestão”, refere o Hugo Maia, dedicando “este primeiro capítulo do Game4Life às crianças e jovens que contactam pela primeira vez com a patologia e que por natureza são um target mais tech-savvy, que nos podiam fornecer críticas honestas e construtivas para aquilo que estávamos a construir”.