O relatório “Innovate or Fade” da Accenture revela que os conselhos de administração das empresas europeias têm percentagens mais baixas de experiência tecnológica do que as organizações norte-americanas
As empresas europeias podiam gerar quase três mil milhões de euros em receitas adicionais até 2024 se colmatassem o défice tecnológico em cargos C-Level. Para isso, as empresas europeias teriam de melhorar a experiência tecnológica nas administrações, acelerar o investimento em I&D e tirar o melhor partido dos pontos fortes ao nível das competências. Estas são as principais conclusões do novo estudo “Innovate or Fade” da Accenture, que contou com a análise da experiência de 19.495 membros de conselhos de administração de 1.843 das maiores empresas do mundo. Foram também analisados os antecedentes profissionais de 1.695 CEO. O estudo concluiu que 14,4% dos membros dos conselhos de administração das empresas europeias em análise têm experiência em tecnologia, comparativamente com 21,6% das empresas da América do Norte. Ao nível dos diretores executivos, o número é mais baixo: apenas 11% destes profissionais têm experiência tecnológica, comparativamente a 17% dos diretores executivos da América do Norte. As empresas dos Países Baixos (19,1%), da Irlanda (18,9%) e do Reino Unido (18,8%) posicionam-se na frente como as empresas com maior experiência tecnológica nos conselhos de administração. Por outro lado, as organizações da Noruega, da Áustria e de Portugal estão abaixo dos 10%. 33% das empresas europeias não têm ainda qualquer membro do conselho de administração com experiência em tecnologia, em comparação com apenas 19% das empresas da América do Norte. Jean-Marc Ollagnier, CEO da Accenture para a Europa, sublinha que “os conselhos de administração e os diretores executivos costumavam pensar primeiro na estratégia de negócio e só depois na forma como a tecnologia a poderia apoiar”. No entanto, e para que as organizações continuem a reinventar-se, “é vital que integrem a tecnologia desde o início do desenvolvimento de novos produtos, serviços ou modelos de negócio. Caso contrário, as empresas arriscam-se a perder milhares de milhões de receitas adicionais”. Apesar destes dados, o relatório revela que as empresas europeias estão mais empenhadas em melhorar as competências tecnológicas dentro das organizações do que as empresas norte-americanas. 28% garante ter um programa tecnológico em toda a empresa, comparativamente a 18% das empresas americanas. As receitas adicionais calculadas para as empresas europeias espelham um aumento de até 12% das receitas em 2023; o valor sobre para 13% em 2024. Investimentos em I&D são alavanca para o futuroO estudo revela que as organizações europeias estão a alocar menos percentagem das suas receitas para investimentos em I&D. Cenário contrário é aquele observado nas empresas da América do Norte e da Ásia Pacífico. Em 2017 as empresas europeias analisadas ficavam 70 pontos atrás das homólogas da América do Norte nestes investimentos. Até 2022 o valor duplicou para 140 pontos, numa diferença de investimento de 147 mil milhões de dólares em 2022. No que diz respeito ao registo de patentes relacionadas com inteligência artificial, apenas 60% das empresas europeias registaram patentes relacionadas com IA, em comparação com 77% das empresas na América do Norte e 89% das empresas na Ásia Pacífico. No domínio da Generative AI, o valor é ainda mais baixo: 34% das organizações europeias, em comparação com 60% na América do Norte e 73% na Ásia Pacífico. “O domínio de tecnologias como a AI, as redes da próxima geração, a computação periférica e os gémeos digitais também será crucial para a reinvenção industrial que muitos governos europeus estão a promover”, conclui Jean-Marc Ollagnier. |