O Fórum Económico Mundial refere que o elevado crescimento dos volumes de dados levará, necessariamente, ao repensar da atual legislação
Dados recentes davam conta de que o mundo poderia gerar mais dados nos próximos anos do que nos últimos 30, crescimento que não se deve apenas às atividades do ser humano, pelo que até 40% do tráfego da Internet está a ser gerado por máquinas, entre máquinas, conta o Fórum Económico Mundial (FEM). O crescimento desmedido de dados, afirmam, significa repensar a legislação para a constituição de economias e culturas data-driven, fundamentalmente moldadas pelas organizações e empresas. Segundo o FEM, no setor privado, as empresas enfrentam o que alguns consideram o “paradoxo dos dados” – um estudo recente da Forrester a 4.036 executivos de alto nível indica que 70% dos decisores de dados estão a recolher dados mais rapidamente do que os podem analisar e utilizar, mas 67% precisam constantemente de mais dados. Nesse sentido, refere o FEM, a oportunidade causada pelas decisões baseadas em dados está a ser dificultada por restrições de capacidade, desafio, por vezes, ampliado pela narrativa predominantemente "defensiva" sobre as políticas de dados e governação. Nesse sentido, o FEM afirma que para maximizar o valor dos dados e garantir, simultaneamente, a segurança e compliance, são precisas pessoas, organizações e uma cultura adequada para desbloquear as oportunidades, pelo que as empresas não o podem fazer isoladamente. Para tal, o FEM diz que as empresas precisam de institucionalizar a estratégia de dados a um nível humano, começando por formalizar um papel de Chief Data Officer (CDO). A posição teria como responsabilidade conceber, implementar e supervisionar uma estratégia holística de dados, desde a recolha à rentabilização; facilitar o livre fluxo de dados, insights baseados em dados e decisões de gestão relacionadas com os dados, a vários níveis; e apoiar os recursos humanos no recrutamento e na requalificação dos trabalhadores. Combinando tudo, o CDO deve ser capaz de capitalizar os dados para fins empresariais e regulamentares, reduzindo perdas de eficiência e silos de informação. Por outro lado, o FEM nota que as instituições, incluindo a legislação, acordos e órgãos de direção de dados, têm de enfrentar o desafio e ser modernizadas por forma a ter os dados como um ativo estratégico, como é o caso de regulamentações como o RGPD, que exploram as perspetivas e limites da governação de dados da próxima geração. Mais, o FEM afirma que, a nível nacional, os estados devem procurar aumentar os dados e uma maturidade digital mais ampla. Finalmente, o FEM explica que todas as partes interessadas nos ecossistemas de dados devem abraçar e promover uma cultura verdadeiramente orientada para os dados, e é o setor privado, juntamente com os governos e as instituições de educação, que o podem providenciar. Transformar os dados em matéria-prima enquanto motor de inovação é uma difícil, mas necessária, tarefa, segundo o FEM, e requer mudanças a nível pessoal e organizacional. Contudo, a crise pandémica tem sido um catalisador desta mudança cultural e à medida que o 5G, e tecnologias como a inteligência artificial reforçam tanto a oferta de dados, como a procura, “este é o momento de atualizar a nossa abordagem de dados de uma forma mais orientada para o futuro”, reitera o Fórum Económico Mundial. |