Cerca de 60 países uniram-se em Paris para assinar um compromisso internacional que visa tornar a inteligência artificial mais inclusiva, ética e sustentável. A Declaração sobre Inteligência Artificial Inclusiva e Sustentável para as Pessoas e o Planeta estabelece diretrizes para garantir que a IA beneficie toda a sociedade sem comprometer valores fundamentais
A Cimeira da IA, que decorreu em Paris nos dias 10 e 11 de fevereiro, reuniu representantes governamentais, organizações internacionais, empresas, sociedade civil e academia, e culminou na assinatura da Declaração sobre Inteligência Artificial Inclusiva e Sustentável para as Pessoas e o Planeta, subscrita por 60 países, incluindo Portugal. A Declaração reforça a necessidade de tornar a IA acessível e segura, promovendo o seu desenvolvimento de forma ética e transparente. Os signatários comprometeram-se com seis grandes prioridades: reduzir as divisões digitais, garantir acessibilidade, fomentar a inovação, impulsionar o crescimento sustentável, reforçar a governança global e assegurar que a IA contribua positivamente para o futuro do trabalho. Para alcançar esses objetivos, foi anunciada a criação de uma plataforma global dedicada ao interesse público na IA. Essa iniciativa visa reduzir a fragmentação entre esforços públicos e privados, promover a transparência e facilitar o acesso a tecnologias de IA para países em desenvolvimento. Além disso, foram debatidas formas de minimizar o impacto energético da IA, criar um observatório dedicado a estudar a sua relação com o consumo de energia, bem como a criação de uma rede de Observatórios para antecipar as implicações da IA nos locais de trabalho. Outro ponto destacado foi a necessidade de alinhar os esforços internacionais para a regulamentação da IA, garantindo que as decisões globais respeitem os direitos humanos, a diversidade cultural e a segurança digital. Os signatários reafirmaram a importância de um diálogo contínuo sobre governança e regulamentação da IA nos fóruns internacionais existentes. A Declaração também reconheceu a importância da confiança e da segurança na adoção da IA para “apoiar as nossas economias e sociedades”, sublinhando iniciativas anteriores, como as Cimeiras de Segurança de IA de Bletchley Park e Seul, que contribuíram para a cooperação internacional em torno dos riscos associados à tecnologia. Entre os 60 países signatários estão nações europeias, asiáticas, africanas e da América Latina. No entanto, os Estados Unidos e o Reino Unido não aderiram à iniciativa, o que levanta questões sobre o alinhamento global na regulamentação da IA. A Declaração estabelece ainda um compromisso de continuidade, com próximos encontros previstos em Kigali, Tailândia e na Conferência Mundial de IA de 2025 para monitorizar o progresso das ações propostas. |