A China procura atrair mais investimento estrangeiro em indústrias cruciais como a da inteligência artificial e a do espaço
Esta terça-feira, a China comprometeu-se a investir nas indústrias que considera como sendo cruciais para a sua futura capacidade competitiva, incluindo o da inteligência artificial e o do espaço. Além disto, o país procura libertar o acesso à indústria transformadora e a determinados setores de serviços para atrair o investimento estrangeiro. Os compromissos foram publicados durante a reunião anual do parlamento. A mensagem da China é clara: o país visa abrir as suas portas aos negócios, desde que estes estejam enquadrados na nova agenda nacional definida pela procura pela autossuficiência. O novo interesse chinês vem na sequência do decréscimo do investimento estrangeiro devido a uma recuperação económica mais enfraquecida do que o esperado no período pós-pandémico, assim como às invasões a escritórios por parte das autoridades. A par disto, a inovação tecnológica, acompanhada pelos esforços de autossuficiência, aumentaram a tensão comercial entre a China e o Ocidente. “Os anúncios não movem os mercados e as promessas não impulsionam o investimento”, comenta Sean Stein, presidente da American Chamber of Commerce China, com sede em Pequim. “A chave, como sempre, será a implementação completa e oportuna”. Em outubro do ano passado, o Presidente da China Xi Jinping estabeleceu o objetivo de libertar o acesso ao investimento estrangeiro no setor industrial no fórum do Cinturão e Rota. No entanto, pouco tem sido feito para estimular a confiança destes investidores. Também esta terça-feira a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China afirmou que planeia relaxar as restrições ao acesso ao mercado nas indústrias de serviços, como telecomunicações e serviços médicos. “Os investidores estrangeiros enfrentarão uma grande concorrência dos seus homólogos chineses, pelo que as suas decisões de investimento não serão determinadas pelo que o governo diz, mas pelo retorno que recebem e pela sua estratégia global”, afirma Dan Wang, economista-chefe do Hang Seng Bank China. A China reduziu de 123, em 2020, para 117, em 2022, o número de setores cujo acesso ao mercado era restrito ou proibido. No setor automóvel da China, os fabricantes de veículos elétricos como a Tesla foram autorizados a criar entidades de propriedade integral, sendo que empresas estrangeiras como a BMW e a Volkswagen passaram a poder assumir o controlo maioritário das suas joint ventures. No entanto, as mudanças nas condições económicas levaram a uma retirada significativa dos investidores estrangeiros do setor industrial chinês, com o investimento direto estrangeiro a registar uma diminuição pela primeira vez em mais de uma década, em 2023. Na segunda-feira, a norte-americana Western Digital Corporation vendeu uma participação de 80% de uma instalação de memória flash, sediada em Xangai, à JCET Group, empresa chinesa de montagem e testes de chips. |