A estrada para a mobilidade inteligente em Portugal

A GMV, em conjunto com o IMT, partilhou recentemente um conjunto de projetos europeus presentes em Portugal nos quais está a desenvolver tecnologias para levar a cabo o roadmap europeu (e português) de mobilidade inteligente

A estrada para a mobilidade inteligente em Portugal

No passado mês de outubro, a A9/CREL foi palco do projeto-piloto AutoC-ITS, com o propósito de testar sistemas de C-ITS (Cooperative Intelligent Transport Systems), usados para estabelecer a comunicação entre veículos autónomos e a infraestrutura da estrada. Este é um de muitos projetos europeus focados no desenvolvimento e teste de tecnologias, soluções e sistemas para viabilização da condução autónoma. Estas iniciativas são indespensáveis, não só para a capacidade tecnológica da condução autónoma, mas também para prova da sua aplicabilidade a larga escala, indispensável para a sua aceitação por parte do mercado e dos legisladores.

Neste âmbito, A GMV, em conjunto com o IMT, partilhou recentemente um conjunto de projetos desta natureza a decorrer em Portugal e a forma como estes se integram e estão a contribuir para os roadmaps europeu e português para a transição para a condução autónoma, conetada e sustentável.

A SafeCOP é um projeto a nível europeu focado em desenvolver “sistemas de sistemas ciberfísicos” (CO-CPS) que colaborem de forma segura e sem latência através de comunicação wireless. Os veículos conetados, especialmente em modelo V2X (vehicle to everything) dependem da capacidade de comunicar com outros veículos e com as infraestruturas em tempo real, de forma a tomar decisões com base no ambiente à sua volta (tráfego, condições climatéricas, acidentes, etc).

A vertente de veículos autónomos ativa em Portugal está a testar, em ambiente de laboratório, um sistema colaborativo para garantir a segurança de um pelotão de veículos conetados na eventualidade de um deles perder o controlo. Outros use cases incluem adaptação a condições climatéricas e gestão de tráfego.

A Enable S3 tem como propósito desenvolver uma framework modular de verificação e validação dos sistemas autónomos e colaborativos para diversas aplicações, incluindo neste caso condução autónoma.

Em Portugal, isto consiste no desenvolvimento de um sistema ADAS (advanced driver-assistance system) de apoio à condução em situações de congestão de tráfego.

As capacidades deste sistema V2X são desenvolvidas por etapas: a longo termo, o sistema deverá evoluir para navegar condições gradualmente mais desafiantes até ser capaz de lidar de forma totalmente automatizada com condições de tráfego severo.

A C-Roads, um dos principais projetos do roadmap português de mobilidade, tem com o objetivo de desenvolver e instalar serviços C-ITS para transmitir aos veículos autónomos informações sobre trabalhos na estrada, acidentes, limites de velocidade, de trânsito, parques de estacionamento, etc. Tem atualmente dois pilotos em preparação em Portugal: em ambiente de autostrada na A25 e N6, e em tráfego urbano na 2ª Circular.

Por último, a GMV lidera o projeto Escape, para o desenvolvimento de um motor de posicionamento para aplicações críticas de condução totalmente autónoma. Para lá da direção técnica, a GMV está envolvida na conceção e desenvolvimento dos algoritmos que processarão as medições dos sensores do veículo, as câmaras e o recetor de navegação por satélite para prestar o serviço de posicionamento para as viaturas em teste, bem como do software que integrará as várias componentes de comunicação do veículo de forma síncrona.

A empresa tem também, fora do país, os GMV Cybersecurity Labs – para conduzir testes de penetração, anti-malware, monitorização da dark web para deteção de ameaças zero-day, etc – e a GMV-CERT (Computer Security Incident Response Team) para dar resposta a ataques reais e prestar serviços preventivos e pro-ativos.

“Os carros estão a deixar de ser uma utility para serem uma plataforma de serviços. E como tal têm de ser seguros e fiáveis – caso contrário nunca se vai conseguir a aceitação do mercado,” refere Bruno Gonçalves, Project Manager da GMV.

 

O que falta fazer

O próximo passo no caminho para a condução autónoma/conetada é sem dúvida o 5G, para salvaguardar a robustez e disponibilidade das comunicações, bem como para permitir que os veículos conetados possam receber informações em áreas sem cobertura C-ITS.

A legislação é naturalmente outra vertente a abordar. De momento a legislação portuguesa dita que é obrigatório haver um condutor dentro do veículo; a nível internacional, uma alteração recente à convenção de Viena aligeira esta condição para “uma pessoa a controlar o veículo”, não necessariamente dentro do mesmo.

“Quando se fala em condução autónoma, há que fazer a distinção entre os vários níveis. Neste momento estamos num híbrido entre o nível 3 e o nível 4, e aí é onde começam a surgir complicações,” explica Ricardo Tiago, representante do IMT. “Em caso de acidente, é muito difícil apurar as responsabilidades, porque é impossível determinar com certeza quem é que estava a conduzir nesse momento, o condutor ou o veículo.”

Isto, adianta, complica a construção de políticas tanto do lado dos legisladores como das seguradoras e fabricantes. Há portanto ainda muito trabalho a fazer, a nível tecnológico e legislativo, antes de a condução autónoma começar a ser implementada.

O IMT está a coordenar o roadmap português para a mobilidade inteligente, de momento com três projetos-piloto a decorrer (C-Roads, AutoC-ITS, e o corredor 5G Porto-Vigo) e que prevê a integração gradual da condução autónoma em ambiente real entre 2021 e 2045.

A nível de aplicações acessórias à condução conetada, GMV tem também uma solução de portagem, Satelise, integrada no dashboard do veículo, que permite eliminar a dependência do dístico e fazer o pagamento diretamente via smartphone. De momento, a legislação e infraestrutura portuguesas não permitem a sua implementação, mas a solução já está no ativo em Espanha. Outra aplicação nesta área, já a ser aplicada no Texas, permite a aplicação de descontos nas portagens para veículos com mais de dois passageiros, com o propósito de promover o carpooling para reduzir o número de veículos na estrada.

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