Este será o ano em que continuaremos um caminho de externalização da prestação de serviços de IT
De uma forma geral, o ano de 2018 será, em Portugal, o primeiro em que os orçamentos de IT foram pensados numa perspectiva de investimento e desenvolvimento de negócio e não numa perspectiva defensiva e de curto- -prazo, de mera optimização de custos, como aconteceu com a maioria das empresas portuguesas nos anos anteriores. É o que sentimos no diálogo com os nossos principais clientes. Apesar de não termos dados concretos, acreditamos que os orçamentos de IT crescerão, sobretudo no sector privado, em 2018. Este será o ano em que continuaremos um caminho de aproximação face a outros mercados mais desenvolvidos, no sentido de externalizar a prestação de serviços de IT. O orçamento de IT para investimento on-premises e na aquisição e operação de infraestruturas e recursos próprios reduzir-se-á e, inversamente, o orçamento para a contratação de parceiros especializados de serviços e utilização de infraestruturas de cloud crescerá. Este é o sentido da eficiência e a única forma das empresas portuguesas, pequenas à escala europeia e mundial, conseguirem competir. Somos um país demasiado pequeno, com empresas demasiado pequenas, com recursos humanos nas áreas da engenharia de TI altamente qualificados, mas escassos e bastante procurados, quer por multinacionais que estabelecem centros de operação em Portugal, quer por empresas estrangeiras, para onde os mesmos se deslocam. O abandono da “posse” e a ênfase na “utilização” ágil é o principal obstáculo cultural que marca o nosso mercado. Embora o sector privado padeça ainda de algum atraso, é no sector público que a forma de contratação mais terá que sofrer alterações (ainda se privilegia a possa de infraestrutura, em vez de modelos mais ágeis promovidos pela Cloud). Mas a orientação à contratação pelo preço mais baixo – critério generalizado no sector público – não é garante de uma transição suave. O modelo de relação entre um cliente e um fornecedor de serviços também evoluirá. Se na área de desenvolvimento aplicacional o desenvolvimento ágil já é uma realidade, na área das operações o modelo DevOps ainda não tem a tração necessária, por inadaptação dos fornecedores mais tradicionais de serviços, estabelecidos há mais tempo no mercado. Os fornecedores mais ágeis e novos fornecedores ganharão espaço, ao se adaptarem melhor a um modelo de parceria e partilha de responsabilidades, num mundo cloud. Nos mercados regulados, o tratamento de dados e de aplicações está cada vez mais sujeito a regras exigentes de compliance, como é o caso do sector financeiro, para não falar na generalidade dos sectores, pela aplicação do GDPR. Antevemos que as regras de compliance continuem a ser mais restritas e se estendam a outros sectores, como o da saúde. Vivemos num novo mundo de dados e a forma como lidamos com os mesmos tem que mudar, nos sectores mais sensíveis. 2018 será ainda o ano da ciber-segurança, o primeiro em que este tema consta da lista de principais preocupações da maioria das empresas e nas quais efetivamente arrancam os primeiros projectos. Por um lado, na Cloud a segurança já não é o principal obstáculo à adopção (é a cultura de posse), por outro lado a ciber-segurança é transversal às TI, independentemente do modelo das plataformas escolhidas. O lock-in na Cloud tem condições para deixar de ser uma preocupação, devido à utilização de soluções de containerização e de orquestração e automação. Ir para a Cloud Pública já não significa um casamento para a vida com o fornecedor de infraestruturas em questão, tal como significava (e significa) o licenciamento de software tradicional. Em paralelo à externalização, para melhor utilização dos recursos e melhores economias de escala, a eficiência tem que ser ganha também pela via da automação. Num mundo cada vez mais DevOps a automação não é uma opção, mas uma exigência e a melhor forma de obtenção de valor, sem mais consumo, sem mais gastos. Tal requer, no entanto, investimento estratégico, que tem que ser previsto pelas empresas. O machine learning e a cada vez maior utilização de inteligência artificial vão criar ainda maior valor, em cima da automação de processos e da análise integrada de dados (big data), mas estas tendências só poderão ser seguidas, se as bases do IT estiverem sólidas, o que não é ainda a realidade da maioria das empresas em Portugal, pelas razões culturais apontadas e pela gestão “financeira” do IT nos últimos anos, em Portugal, fase que agora temos melhores condições para ultrapassar.
O autor não escreve ao abrigo do novo acordo ortográfico
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