Por esta altura, são poucas as empresas que ainda não começaram a sua jornada de transformação digital. Mas mais do que começar, importa é utilizar a cloud na sua plenitude e sempre que assim se justifica para a organização
Ir para a cloud não é o fim; é só o início de uma jornada que pode trazer poupança de custos, escalabilidade e inovação para as organizações. Quem olha para a cloud como o fim do percurso está a cometer o primeiro erro. Atualmente, a larga maioria das organizações já iniciou os seus processos de transformação digital. Neste momento, já não é uma questão de estar na cloud – independente da forma –, mas sim a rapidez com que se faz esse trajeto. De uma maneira geral, a aceleração para a cloud ajuda as organizações que já estão na sua jornada de transformação digital a mais rapidamente e de forma eficiente alargar os benefícios da cloud e melhor suportar as necessidades do seu negócio para a era digital. Tirar mais partido da cloudO momento de incerteza que o mundo viveu nos últimos anos veio reforçar o papel desempenhado pela tecnologia dentro das organizações, especialmente no que diz respeito à cloud. Suzana Curic, Head of Enterprise da AWS Iberia, afirma que “a transformação digital e a mudança para a cloud já não são opção para as empresas” porque, num mundo em mudança, “é fundamental ter tecnologia que lhes permitam ser flexíveis, ágeis, poupar custos e acelerar na inovação”. Suzana Curic defende, também, que a “execução de uma estratégia de transformação bem-sucedida e com base na cloud tem um impacto positivo no negócio, por diversas razões, sendo as mais relevantes: criar espaço para a melhoria do mercado; desenvolvimento de novos modelos de negócio; aceleração da inovação; e redução de custos”. Pedro Rebelo, Cloud Services Director da Logicalis Portugal, refere que a “adoção de serviços cloud tem um papel fundamental na otimização da infraestrutura, redução de custos e transformação digital, sendo que esta jornada envolve alguns desafios, entre eles, a gestão de fornecedores, a convergência de soluções e escolha de parceiros. Um dos elementos centrais de uma estratégia de transformação digital é, sem dúvida, a otimização das operações e os serviços cloud nativos detêm um conjunto de workloads que respondem a este desafio”. Joana Pinto Santos, Diretora da Unidade de Negócio de Azure da Microsoft Portugal, indica que as organizações que já iniciaram a sua jornada de implementação de cloud devem continuar a acelerar a inovação através de estratégias que otimizem os recursos e potenciam ainda mais as capacidades de escalabilidade, flexibilidade, automação e inteligência artificial. No entanto, explica Joana Pinto Santos, ao migrar para a cloud, as organizações também podem reduzir o consumo energético. “Ao migrar para a cloud as empresas reduzem a sua necessidade de hardware, o que leva à diminuição do consumo energético, enquanto ajudam o ambiente por optarem por uma solução de IT mais sustentável. Num outro ângulo, não menos relevante, a migração para a cloud garante às empresas uma melhor postura de segurança”, diz. Melhorar a produtividadePara Pedro Rebelo, a produtividade dos colaboradores através dos serviços na cloud responde a um conceito fundamental: colaboração em tempo real e a partir de qualquer dispositivo. “A adoção destes serviços enquadra-se cada vez mais nos desafios que caraterizam os dias de hoje: descentralização do local de trabalho, equipas multidisciplinares e necessidade de rapidez de resposta. A utilização destes serviços é sem dúvida uma mais-valia para as organizações e equipas que visam acrescentar valor num mundo cada vez mais acelerado”, diz. Joana Pinto Santos relembra que a cloud funciona “como uma plataforma integrada para colaboração, comunicação e produtividade, permitindo que os colaboradores tenham uma experiência de trabalho mais eficiente e colaborativa”. Nestes ambientes de trabalho digitais, “os colaboradores conseguem aceder e partilhar mais facilmente a dados e aplicações da empresa, a partir de qualquer lugar e dispositivo, o que aumenta a flexibilidade, a conveniência e a satisfação dos colaboradores, bem como reduz os custos de hardware para as empresas”.
Ao mesmo tempo, indica a representante da Microsoft, “outra vantagem da cloud é o facto de reduzir o tempo de inatividade causado por problemas de TI graças a sistemas de backups automáticos e redundância dos dados. Isto reduz o tempo de inatividade causado por falhas no sistema que podem afetar negativamente a produtividade dos colaboradores”. A Head of Enterprise da AWS Iberia dá como exemplo o período pandémico, onde a cloud permitiu que os colaboradores continuassem a operar remotamente, assim como o lançamento de novos serviços que respondiam às exigências do momento. A natureza da cloud proporcionou “uma plataforma tecnológica que deu aos clientes a flexibilidade, escalabilidade e inovação necessárias para responderem de forma ágil e rápida à necessidade de mudança”. O passo seguinteSegurança, analítica e serviços de Inteligência Artificial (IA) são alguns dos serviços utilizados pelas organizações como o passo seguinte quando começam a utilizar a cloud. Para Joana Pinto Santos, o próximo passo “depende sempre” das “necessidades específicas” dos clientes. A IA pode ajudar a automatizar várias tarefas de segurança, agilizar o processo de mitigação de riscos e criar proteções mais eficazes, partilha a Diretora da Unidade de Negócio de Azure da Microsoft Portugal. Suzana Coric refere que os seus clientes estão a adotar tendências e tecnologias na cloud como machine learning e IA. “Embora muitas empresas tenham começado a utilizar machine learning, esta tecnologia ainda está a ser inventada e reinventada. Acreditamos que, com o tempo, quase todas as organizações irão utilizar capacidades de machine learning/IA”. Ao mesmo tempo, afirma, os data lakes e a análise de dados são soluções cada vez mais procuradas, até porque, “ao longo dos anos, os clientes têm acumulado muitos dados, que coexistem em sistemas diferentes. Cada vez mais clientes reúnem esses dados em data lakes, para os analisar, gerar inteligência empresarial e tomar melhores e mais informadas decisões empresariais”.
Pedro Rebelo diz que a segurança, a analítica e os serviços de inteligência artificial já “são o passo atual das organizações que querem tirar partido da cloud” e que “é aqui que as organizações devem e podem retirar o seu verdadeiro valor. Estes serviços são sem dúvida uma mais-valia até porque na nossa opinião, não são comparáveis a outros modelos. A rapidez e qualidade dos mesmos obriga a uma análise profunda da sua utilização e as vantagens dessa utilização tornam quase obrigatória a sua adoção. Trata-se de dotar as organizações de capacidades que antes não detinham ou não era possível, seja pela dificuldade de implementação e configuração, seja pela inexistência de algo comparável”. As soluções mais procuradas“Inicialmente, os clientes procuravam soluções de computação e armazenamento”, assevera Suzana Curic, que ressalva que, “ao longo dos anos, as necessidades dos clientes têm vindo a mudar”. Agora, é possível ter acesso a uma série de soluções baseadas na cloud para bases de dados, redes, 5G, análise de dados, machine learning, inteligência artificial, IoT, segurança, realidade híbrida / virtual /aumentada, entre “muitos outros, que respondem às necessidades avançadas dos clientes em cloud computing”. Joana Pinto Santos defende que “à medida que avançam na sua jornada de adoção na cloud, muitas organizações procuram soluções mais avançadas para melhorar a eficiência e produtividade das suas operações. Estas soluções podem ir desde ferramentas de gestão e monitorização de recursos cloud, até ferramentas de IA e big data que permitem a automatização de processos e análise de dados em escala que, em último caso, ajudam a melhorar a eficiência e tomada de decisão. À medida que a maturidade cloud das empresas aumenta, vemos uma procura maior por soluções multicloud”. Para Pedro Rebelo, é claro que o início da jornada da cloud na maior parte das organizações começou pelo SaaS, como plataformas de produtividade, CRM ou ERP, entre outros. “De seguida, verificou-se uma adoção de modelos IaaS, em que algumas organizações tomaram a decisão, em momento de renovação de infraestrutura por exemplo, de migrar estes workloads para máquinas virtuais na cloud. O movimento seguinte que presenciamos é uma transição de modelo IaaS para modelos PaaS. Cada vez mais, o negócio comanda esta jornada de adoção, e a necessidade de serviços mais rápidos, inteligentes e automatizados faz com que os serviços PaaS sejam o caminho a seguir”, diz. O que fazer
Depois de iniciarem o seu processo, as organizações devem procurar acelerar essa adoção à medida que as necessidades aumentam. Para Joana Pinto Santos, as empresas devem ter um grande foco no desenvolvimento de competências. Para simplificar o processo de adoção de cloud, a Microsoft dispõe de uma framework de adoção cloud que reúne as melhores práticas de adoção na cloud, aliadas a desenhos de arquiteturas testados e assentes no que melhor se faz no mercado. Pedro Rebelo, da Logicalis, relembra que acelerar para a cloud “é tirar o máximo partido destas tecnologias e das capacidades que detêm. De forma a garantir que a jornada de adoção cloud é profícua e rentável, torna-se fundamental a escolha de um parceiro com as competências, capacidades e pessoas certas para acompanhar as organizações nesta viagem. Qualquer viagem se torna mais interessante e consistente quando realizada com o acompanhamento certo e esta não é exceção. Quando estamos a trabalhar em modelos cloud transformamos também a experiência de ligação entre entidades”. Suzana Curic diz, por seu lado, que “os maiores desafios resultantes da mudança, por parte das grandes organizações, para a cloud não são técnicos, mas estão sim relacionados com as pessoas e a cultura”. Para a representante da AWS, as maiores diferenças entre as organizações que querem mudar para a cloud e as que efetivamente o fazem resumem-se, geralmente, à equipa sénior estar alinhada e verdadeiramente empenhada na mudança para a cloud; à apresentação de objetivos top down agressivos, que obriga as estruturas a readaptarem-se mais rapidamente do que se a mudança tivesse ocorrido de forma meramente orgânica; ao treino para trabalhar na cloud e estarem confortáveis não só como o conceito, como com todo o processo; e, por último, às organizações poderem ficar paralisadas se não souberem como se mover em todos os processos. |