Managing with data

A inteligência artificial chega às empresas: e agora?

Não há dúvida para ninguém que este é um ano de desafios de caráter estruturante.

A inteligência artificial chega às empresas: e agora?

A resposta à pandemia obrigou as organizações a repensarem basicamente tudo – o que estava em plano para este ano e, certamente, o que estava para os próximos cinco. Os colaboradores foram colocados em teletrabalho, as infraestruturas de comunicação reforçadas, a segurança teve de acompanhar as restantes mudanças, os serviços de cloud tiveram um incremento como em nenhum ano antes – e os dados passaram a assumir um papel ainda mais relevante.

Mas cada vez mais se entende que o principal desafio que se coloca às organizações no que aos dados toca é a cultura empresarial. Estas tecnologias prometeram descoberta e automatização com pouco mais do que o toque num botão. Mas a cultura empresarial continua a ser uma das grandes barreiras à gestão por dados, ou à integração das tecnologias de IA e Machine Learning (ML). Os responsáveis pela estratégia de dados nas organizações precisam de colocar hoje pedras de toque críticas para assegurar que as decisões certas são tomadas, da forma certa, na altura certa, e para o resultado certo.

Quando tomamos uma decisão organizacional, qualquer que seja o nosso papel, os dados são hoje incontornáveis e todos os esforços para melhorar essa decisão incluirão necessariamente mais dados e mais análises. Por outras palavras, há oportunidade para a analítica conduzir as decisões – estratégicas, operacionais ou táticas – em toda a empresa. Mas o valor tem de ser criado quase de imediato – enquanto a organização resiste, naturalmente à mudança. Na verdade, a orientação pelos dados é um fenómeno mal compreendido. Não significa que todas as decisões sejam automatizadas, mas antes que as conclusões são utilizadas para aumentar a capacidade humana de tomar decisões mais inteligentes, de forma mais rápida e mais eficaz.

Há um conjunto significativo de empresas em que os dados e as respetivas análises passaram para fora do departamento de sistemas de informação, para as unidades de negócio funcionais. Os Chief Data Officer (CDO) e outros responsáveis têm um papel cada vez mais complexo a desempenhar. A literacia de dados será um dos maiores – senão o maior – determinante de uma implementação bem-sucedida de uma estratégia de dados. Há alguns anos que as empresas têm vindo a investir em “data warehouses”, em MDM, em serviços na cloud. Mas serão estes investimentos sempre tão bem-sucedidos como as empresas desejariam? Os seus pares comerciais reconhecem o seu valor comercial? O sucesso tem sido assegurado? Nem sempre.

O que é necessário são formas novas de pensar e analisar dados. Precisamos de repensar como as decisões são tomadas, reconhecendo que a tecnologia não é uma panaceia universal. Precisamos de redesenhar a cultura empresarial no que aos dados diz respeito. Precisamos de criar as bases necessárias para assegurar um valor empresarial sustentável, repetível, gerador de um impacto continuado.

Cada nova tecnologia introduzida nas empresas traz consigo desafios próprios de adoção – e a IA não é exceção. Sim, dizemos sempre que desta vez é diferente, e agora também o diremos. Talvez os desafios sejam comuns se comparados com os de tecnologias anteriores, igualmente disruptivas no seu tempo, como o PC, a Internet, o CRM ou e-commerce. Mas desta vez, talvez seja mesmo diferente. Nunca estivemos em vias de entregar tal capacidade de decisão a um programa, a uma máquina – melhor, a um conjunto de máquinas. É certo que agora, as decisões e sugestões que vierem a ser feitas serão supervisionadas, naturalmente, por utilizadores humanos. Contudo, quantas vezes terão estes humanos o conhecimento dos parâmetros que levam a tais sugestões? Quantas vezes confiamos nas sugestões que nos são dadas para um passo seguinte num programa? Clique, próximo.

Ainda não estamos em tal plano na IA, e talvez não o estejamos nos próximos anos. Mas ainda assim, é crucial que as organizações se preparem para esta nova forma de trabalhar, abrindo as portas, e criando os mecanismos de supervisão necessários para que o valor que a introdução da IA nas empresas pode libertar aconteça de forma sustentável, segura e responsável.

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