As organizações têm de perceber que dados possuem e o que pretendem fazer com eles, caso contrário estarão apenas a desperdiçar recursos. A migração para a cloud é também uma questão de tempo porque todas as empresas, mais tarde ou mais cedo, terão de considerar esta estratégia. A visão sobre o mercado e o posicionamento da Snowflake, nas palavras de Jose Alonso, Country Manager para Espanha e Portugal
A transformação digital das organizações é um caminho que todas as empresas deverão percorrer, sob pena de perderem o comboio da competitividade. Para Jose Alonso, este caminho passa inevitavelmente pela cloud e pela inteligência de dados. Ajudar as organizações a dar este passo é uma das missões da Snowflake, que tem presença em Espanha desde 2019, a partir de onde endereça o mercado português há cerca de um ano. O responsável ibérico acredita que em 2023 a marca entrará diretamente em território nacional e prevê uma evolução muito positiva no negócio. O que é a Snowflake e qual a sua visão fundadora? Há décadas que falamos da exploração de dados, mas diria que nas últimas duas a expansão do uso da Internet e das novas tecnologias causou uma explosão de dados. Além disso, moldou aquilo que pode ser feito com os dados. Com as tecnologias existentes, como data warehouses ou bases de dados, ainda não estávamos preparados para entender a explosão de dados que aconteceu. Não estamos a inventar o conceito de data warehouse ou de bases de dados, mas as soluções de dados modernas exigem uma nova abordagem, e acreditamos que essas tecnologias estão a ser alimentadas pela cloud. Uma das coisas sobre a Snowflake é que nascemos na cloud e apenas para a cloud. É uma aposta que fizemos desde a fundação da nossa empresa, e é nisto que acreditamos. Na Snowflake reconhecemos que a cloud é o caminho porque permite que as coisas possam ser feitas de forma simples. Nos nossos países [Portugal e Espanha], até há poucos anos, ainda éramos um pouco céticos sobre a utilização da cloud. No entanto, isto mudou definitivamente porque se provou ser um método seguro. Empresas como a Amazon e a Microsoft também oferecem as suas próprias plataformas e tecnologias de gestão de dados, e têm todas as ferramentas que podem ser colocadas na cloud.
No caso da Snowflake, temos uma das melhores tecnologias neste espaço, portanto, fazemos apenas tudo o que está ligado a armazenamento de dados, computing management e colaboração. A Snowflake foi, aliás, a primeira empresa a separar o armazenamento do computing e, além disso, oferece uma elasticidade imediata, o que significa que podemos cobrar aos clientes por tempo de utilização. Outra caraterística muito importante da Snowflake é que somos multicloud, ou seja, podemos fazer cross-cloud, permitindo a resiliência além de apenas um tipo de cloud ou área dessas nuvens. Outra coisa é a possibilidade de partilhar dados sem mover ou copiar esses dados, uma tecnologia específica que temos. Finalmente, diria sobre a Snowflake e a sua plataforma na cloud que podemos suportar todo o tipo de dados, mas a coisa mais importante é que possibilitamos a colaboração de dados. Ou seja, estamos no caminho de quebrar silos e isto não é apenas tecnologia, é evoluir num aspeto que é cultural em muitas organizações. Estamos a promover a colaboração entre pessoas com base nos dados. Qual é o principal tipo de utilização destas soluções? Diria que temos uma vasta lista de utilizações, mas com alguma predominância no retalho e nos serviços financeiros, mas também nos cuidados de saúde. Temos clientes em todas as vertentes, por isso, a diversidade de clientes que podemos ter é muito vasta. Temos, por exemplo, a capacidade de fazer a preparação de dados para data science, ou para outro tipo de utilização dentro das organizações. O que diria é que tudo o que tem a ver com a partilha de dados ou com a utilização do conceito de dados, é facilmente realizável. O mesmo acontece com tudo o que está relacionado com a integração de vários processos dentro da cadeia de valor de uma organização que pode ser também feito facilmente porque é possível incorporar e partilhar dados com diferentes processos dentro da organização. Por exemplo, a integração vertical numa empresa que fabrica e vende os seus próprios produtos, é muito fácil de fazer com a Snowflake. Ou seja, coisas que provavelmente não poderiam ser feitas com outros tipos de tecnologias, podem agora ser feitas com a Snowflake. Com base na sua experiência, as organizações na Península Ibérica estão preparadas para lidar com este tipo de tecnologias e estão cientes da importância dos dados para os seus negócios? Acredito que a tecnologia é uma coisa, mas os processos de negócio e inovação são uma coisa diferente. A tecnologia está lá, nós estamos lá e com propostas que podem possibilitar diversas mudanças, mas é uma questão de evolução da maturidade das organizações. Por exemplo, a Snowflake foi fundada em 2012, começámos operações em Espanha em 2019 e em Portugal em 2021. O que dizemos aos nossos clientes é que têm de entender que tipo de dados têm, que tipo de dados precisam e o que querem fazer com eles. Isto significa que não é apenas alterar uma tecnologia para que esta seja mais eficiente, é olhar para as possibilidades que esta tecnologia oferece para inovar o negócio. Podemos agora ter novos modelos de vendas, podemos integrar os dados, podemos enriquecer os dados através de dados de terceiros pelo marketplace, podemos fazer coisas agora que vão possibilitar a inovação no negócio. Isto está a mudar progressivamente e vemos isso em Espanha, vemos organizações a inovar e a ser pioneiras. Outra coisa que posso dizer é que em 2019, por exemplo, ainda víamos as organizações a pensar sobre as soluções de cloud, mas agora, apenas três anos depois, a adoção destas soluções em Espanha tem um crescimento exponencial. Atualmente, penso que a maioria das organizações tem interesse em migrar para a cloud porque é uma solução que tem demonstrado ser muito mais segura e fácil de gerir do que outras tecnologias. Além disso, permite também usar estas tecnologias para fazer coisas novas que antes não eram possíveis. A Snowflake posiciona-se como uma solução complementar ou como a solução para as organizações se encaminharem para uma nova direção? Depende. Uma coisa é o nosso conselho e mensagem para os clientes que passa sempre pela inovação, outra coisa é qual é a situação de cada cliente. A questão é que os clientes tradicionais já têm os seus próprios data warehouse, por exemplo, e este é um tipo de situação que encontramos todos os dias. O que fazemos nestes casos é propor-lhes uma abordagem vertical, porque temos soluções para diversas utilizações. Podemos possibilitar- lhes mais eficácia, mais eficiência de custos e um caminho para o seu futuro.
Por outro lado, podem considerar migrar para a cloud com as tecnologias que já têm na sua organização, mas essas tecnologias, normalmente, são uma adaptação de produtos já existentes à cloud. Ou seja, não está a adicionar novas capacidades, não está a adicionar melhorias de performance, basicamente são as mesmas tecnologias, mas adaptadas à cloud. Portanto, a nossa proposta de valor é que somos cloud-based, para a cloud apenas, com capacidades específicas que os clientes podem ter com a Snowflake, mas não podem ter com outros. Colaboramos com outros fornecedores de soluções de cloud, que são nossos parceiros. Não temos a nossa própria cloud, o que temos é tecnologia dentro das grandes cloud. Temos colaborado bastante bem com a Amazon e com a Microsoft também. Com base na sua experiência, quais são as indústrias mais avançadas em estratégia de dados? A Snowflake já tem 6.800 clientes a nível global e na Europa temos cerca de 1.500. Se pensar nos maiores clientes que temos, diria que a maior parte estão na área do retalho e serviços financeiros. Provavelmente, estas são as duas indústrias mais avançadas nessa ótica, principalmente porque começaram primeiro com o e-commerce e o marketplace. Isto é, precisam de entender os dados para poderem ter mais insights sobre o comportamento dos clientes. Diria também que a área das telecomunicações é um grande negócio para nós, assim como na área de cuidados de saúde e das indústrias de data science. Como explica aos seus clientes a importância da colaboração de dados e de quebrar os silos? A proposta da Snowflake é a data cloud, ou seja, isto é algo único da Snowflake porque permite a partilha de dados sem os copiar ou mover, permite fazê-lo cross-cloud, através de várias geografias, além de adicionarmos dados de terceiros ao marketplace. A proposta de data cloud é um ecossistema em que temos a plataforma da Snowflake, os dados de clientes, parceiros, data providers, data service providers e tudo isso é enriquecedor. Isto significa que todos os dados armazenados em diferentes sítios e geografias podem agora ser acedidos de forma instantânea, em qualquer lado. Esta é a base do conceito de colaboração. Ainda é uma mensagem bastante disruptiva, mas se olharmos para há dois anos quando começámos a posicionar a data cloud também tínhamos poucas organizações a participar. Atualmente temos milhares de organizações na data cloud, portanto, não estamos apenas a propor a colaboração de dados dentro da organização, mas também fora da mesma. Estamos a dizer aos clientes que têm de se focar naquilo que podem fazer com os seus dados, como podem enriquecê-los, mas para isto têm de ter um local para armazená-los sem que estejam em silos. As organizações devem dedicar recursos a analisar, enriquecer e explorar aquilo que pode ser feito com os dados. Os utilizadores da Snowflake são apenas da área das TI ou analistas de dados ou a plataforma também pode ser disponibilizada a outro tipo de utilizadores dentro das organizações? Na verdade, temos vários data sets nos nossos marketplaces que são abertos a toda a gente. A Snowflake é uma plataforma em que os clientes podem armazenar os dados que quiserem e as organizações podem providenciar o acesso a esses dados a um diferente conjunto de utilizadores. Esse conjunto de utilizadores podem ser clientes finais, por exemplo, temos alguns casos em que plataformas de e-commerce estão a aceder à Snowflake. É algo que não estamos a abrir a toda a gente, mas depende das organizações e do tipo de uso que querem dar a um determinado conjunto de dados para um determinado conjunto de utilizadores. Como é que os clientes podem ter soluções cost- -effective para que possam tirar o maior partido dos seus dados? Poderia haver diversas respostas a essa pergunta, porque a eficácia de custos também tem a ver com a utilização que se pretende fazer dos dados. Em primeiro lugar, diria que o facto de a plataforma não precisar de pessoas a tratar da manutenção é um ponto positivo. Em segundo lugar, penso que devem dedicar mais recursos a perceber o que pode ser feito com os dados e a perceber de que dados realmente precisamos. A maioria das organizações ainda estão a armazenar toneladas de dados que podem ser inúteis para o seu negócio. Como é que a Snowflake está a abordar o mercado português? O nosso modelo de go-to-market é muito aberto e pode incluir uma abordagem direta ou através de parceiros. Em Espanha, por exemplo, quando começámos em 2019, apenas tínhamos dois parceiros. Atualmente, temos mais de 22 parceiros. Em Portugal já temos quatro parceiros e estamos a trabalhar com eles intensamente, mas não fazemos diferenciação entre abordar o mercado diretamente ou através dos parceiros. Acreditamos que os parceiros acrescentam valor significativo à nossa proposta de valor porque têm presença no local, têm capacidades do ponto de vista de recursos que nós não temos porque somos, sobretudo, orientados para as vendas. Por exemplo, atualmente, estamos a gerir Portugal a partir de Espanha porque fizemos uma verticalização da nossa equipa de vendas, o que significa que temos a mesma pessoa a gerir os negócios de retalho em Espanha e a gerir os negócios de retalho em Portugal. Isto é o que estamos a fazer agora com a ajuda dos parceiros. No próximo ano, talvez possamos colocar recursos de vendas diretamente no local, mas estarão igualmente a trabalhar com os nossos parceiros. Quais são as suas expectativas relativamente a Portugal? A minha visão para Portugal é seguir o caminho que temos feito em Espanha. Neste momento, em Espanha, os maiores retalhistas são nossos clientes, as maiores organizações de telecomunicações são nossas clientes ou estão em processo de ser. Três dos cinco maiores bancos são nossos clientes, as duas maiores seguradoras são nossas clientes e isto é o que conquistamos apenas nestes três anos em Espanha.
Tendo começado em Portugal o ano passado, espero que em igual período consigamos alcançar o mesmo, ou seja, os grandes retalhistas, os grandes bancos, as grandes seguradoras, etc. Para clientes de pequena e média dimensão, qual é a proposta de valor para adotar as soluções da Snowflake? A proposta de valor é exatamente a mesma. Aliás, já temos clientes com essas dimensões. Do total de 6.800 clientes a nível global, cerca de 510 estão no Global 2000, o que significa que são as maiores organizações a nível global. É apenas uma porção do número total de clientes, tal como em relação a Espanha falei dos grandes clientes, mas temos um número significativo de clientes de pequena e média dimensão. Qual seria o seu conselho para empresas que estão a meio da jornada na área dos dados ou a pensar nos passos que podem dar no próximo ano? A tendência está claramente na cloud para gestão e armazenamento de dados. Para as organizações que ainda não começaram, diria que não é uma questão de se o vão fazer, mas sim de quando vão fazê-lo. Quanto mais cedo começarem, mais cedo lá chegam. A segunda mensagem é perceberem que esta é uma oportunidade para pensarem sobre que tipo de dados têm, que tipo de dados precisam e qual é o valor que podem retirar desses dados. Aproveitem esta oportunidade para inovarem os vossos negócios, porque quando derem este passo, não vai ser simplesmente mover o vosso data warehouse para a cloud, vai ser uma transformação digital na organização. Faço um apelo à gestão de topo para convidarem as pessoas que percebem de dados para os aconselhar, para lhes dar ideias do que fazer. Os modelos de negócio podem ser inovados com dados. Aproveitem esta oportunidade para se prepararem para os próximos cinco anos, pensem onde querem que esteja o negócio daqui a cinco anos, que processos de negócio querem transformar, e como podem possibilitar estas transformações com dados. Particularmente em Portugal ainda vejo organizações muito relutantes porque têm sido muito tradicionais e ainda estão a pensar nisto como um passo arriscado. Não é um passo arriscado, embora todas as inovações tenham de ser planeadas. Não tenham medo de avançar, não tenham medo de dar este passo. Pensem quão rápido as economias mudam, quão rápido os negócios tradicionais podem ficar para trás se não evoluírem. Todos acabamos por ter de nos adaptar aos novos paradigmas, mas aproveitem a oportunidade de o fazer agora porque a tecnologia está pronta para vos ajudar. A Snowflake tem uma taxa de satisfação de 100% pelo terceiro ano consecutivo, isto é a prova de que em todas as vertentes, para vários tipos de utilizações, com várias inovações, o investimento vale a pena. |