Num mundo onde os dados são o ativo de maior valor, os dados são o mundo do SAS. Há mais de 40 anos que o fornecedor de software de analítica empresarial ajuda as organizações a transformar informação em conhecimento. Ricardo Pires Silva, executive director do SAS Portugal, revela o que se segue para o gigante da analítica
Quais as prioridades do SAS no mercado português? Ricardo Pires Silva - Crescer o business as usual tem sido, desde 2013, uma constante, e é por isso um objetivo mínimo. O SAS move-se num mercado relativamente maduro, onde tem uma quota de mercado muito relevante, pelo que é um desafio, mas a verdade é que a analítica está na moda. O País e a economia estão claramente numa fase melhor, mas ainda sofremos, em setores como o da banca ou o dos seguros, de fenómenos de quase desaparecimento de mercado, pelas aquisições e fusões. Estabelecemos três prioridades: crescer nas nossas ofertas tradicionais, que estamos a atualizar; investir em novas ofertas e novos parceiros; e formar e desenvolver uma comunidade de data scientists em Portugal. A escassez de talento em IT é uma realidade, e no mundo da analítica ainda se faz sentir mais. Como pretende o SAS desenvolver a comunidade portuguesa de data scientists? No curto prazo iremos trabalhar, em conjunto com os nossos clientes, para formar o maior número possível de pessoas. Temos uma nova oferta, que já foi adquirida por um banco, em Portugal, destinada a formar dezenas de pessoas. Complementamos cursos online com formação offline, com programa de mentorado. Isto é o que podemos fazer com os nossos clientes e com tecnologia SAS. Percebemos que os nossos clientes queriam formar mais pessoas, mas que o método tradicional de formação em sala era muito curto para chegar a dezenas ou até centenas. Também temos trabalhado com as universidades, um aspeto que importa intensificar. Porque continuará a haver uma enorme procura pelo perfil de data scientist. O SAS está disponível para contribuir com software, de forma gratuita, com formador, e com outros aspetos para os quais nos desafiem, de modo a que, dentro de cinco anos, cheguem mais data scientists ao mercado de trabalho. As organizações nacionais já estão conscientes do valor dos dados? Sempre souberam que os dados tinham valor. Mas há agora uma confluência de fatores que permitem que, finalmente, seja possível extrair mais facilmente o valor dos dados – computação, algoritmos, formação, inovação tecnológica. Há hoje organizações que exploram a analítica através da cloud. Há uns anos, os investimentos em infraestrutura necessários tornariam tudo isto impossível. Hoje só temos uma Amazon ou uma Google por causa da bolha das “dot.com”. Um dos maiores ativos que nos deixaram foram os cabos submarinos que interligam o mundo e que baixaram drasticamente o custo de transmissão de dados. Esta democratização tem tido várias fases. Primeiro foram as comunicações, depois a infraestrutura, posteriormente os dispositivos. Agora os dados encaixam como uma peça do puzzle em tudo isto. A diferenciação entre as empresas e os negócios passou a ser tão ténue, que o maior ativo passou a ser os dados. Significa que a analítica também irá democratizar-se? A analítica vai ter uma adoção exponencial. O SAS está a tentar ajudar neste processo, através de uma maior abertura do seu software. Temos, inclusivamente, uma plataforma aberta, que interage com o open source, porque muitas pessoas saem das universidades capacitadas para trabalhar com open source. E procuramos fazê-lo em nome da democratização da analítica, para conseguirmos chegar a mais utilizadores, que não sejam necessariamente engenheiros de matemática aplicada. Isto é possível através de uma analítica muito visual, mais "drag & drop" e "point & click". Este processo também passa por que algoritmos super avançados de IA e ML estejam integrados nas soluções sem que os utilizadores se apercebem de toda a complexidade que existe por detrás. O SAS consegue entregar software com algoritmos altamente avançados, até de tratamento de imagem e vídeo, sem que o utilizador final tenha de ser um programador ou um estatístico para conseguir interagir com esse software. Vamos, ainda, continuar a apostar fortemente no governo e na preparação dos dados, porque não pode haver analítica sem dados de qualidade. Que setores apresentam maior maturidade, ao nível da utilização da analítica, em Portugal? O grande retalho, banca, os seguros, as telco e as utilies, nomeadamente o setor da energia. Nesta última não tanto para o consumidor final, mas ao nível da gestão dos processos internos. Às médias empresas, nos setores mais tradicionais, há uma mensagem de utilização de analítica que ainda não chegou. Temos vários casos em que tentamos desafiar os clientes para este tipo de exercício e nem sempre a recetividade existe, muito devido à Como estão a incorporar inteligência artificial e machine learning na vossa oferta? Os recursos computacionais permitem, atualmente, que quase todas as nossas soluções estejam dotadas destes algoritmos. A ambição do SAS é ter advanced analytics presente em tudo. Queremos experimentar, e por isso procuramos bons problemas, porque um dos valores do SAS é a curiosidade. Não gosto de falar de IA e ML de forma isolada, prefiro dizer que o fazemos há mais de 40 anos e que hoje, sim, temos condições para que finalmente coloquemos este tipo de algoritmos dentro das nossas soluções de forma quase invisível para os utilizadores. Como é que o SAS endereça o mercado português: de forma direta, com parceiros ou mista? Essa foi uma transformação profunda que fizemos nos últimos cinco anos. Passámos a ter uma área da alianças e canais muito forte. O SAS Portugal é reconhecido, na região onde se insere, south EMEA, como sendo uma referência na forma como faz a gestão de parceiros, desde as grandes consultoras aos parceiros tecnológicos. Num mercado pequeno, temos de ter parceiros que nos permitam aumentar a nossa capilaridade. Que novas ofertas e parcerias podemos esperar do SAS, em breve? Estamos a preparar uma nova parceria com a Cisco para a área da IoT. O ecossistema de parceiros Cisco tenta chegar à analítica, mas do ponto de vista da fraude e do risco é difícil. E o SAS quer chegar a todos os locais onde existam dados. E no edge haverá muitíssimos dados. O volume de dados gerados por sensores e dispositivos de IoT não é possível de tratar num data center ou na cloud. Se levarmos a analítica ao edge, a resposta pode ser quase imediata. O SAS continuará a disponibilizar software para modelação e para predição, mas colocará esses modelos a correr no edge. Acreditamos que irá abrir-nos um novo leque de casos de utilização de software de analítica que até hoje não endereçávamos. Permitirá um crescimento significativo fora das áreas de negócio tradicionais. Dentro das áreas de negócio tradicional, a de fraude é aquela em que deposito mais expetativas de crescimento, em Portugal e a nível global. Já tínhamos uma solução vertical, para a área de risco, que é histórica no SAS. Recentemente criámos mais três: uma para cloud; uma de IoT; e outra para a área de combate à fraude, a Global Fraud Security Intelligence Division. O combate aos vários tipos de fraude envolve quantidades massivas de informação e há subtilezas incríveis que o nosso software consegue detetar. Fazia sentido dar ainda mais energia a esta área. "O SAS quer chegar a todos os locais onde existam dados. E no edge haverá muitíssimos dados"
É muito baixa. Toda a tecnologia tem ainda de amadurecer – a nossa, a dos sensores, a interligação entre sensores, routers ou access points wireless. Este ecossistema está a juntar-se e é um efeito "bola de neve". Há já um conjunto de use cases implementados pelo mundo fora, no âmbito da parceria com a Cisco, com testes em alguns clientes portugueses. Estamos no início de despoletar este efeito em cadeia e estamos muito entusiasmados com isso. Que projetos inovadores de analítica têm estado a ser desenvolvidos? No turismo temos tido projetos muito inovadores. Há uma nova vaga de empreendedores que já não optam pela loja física, por exemplo. E temos vários projetos em curso na área da IoT. No SAS Forum, em maio, teremos um use case em direto – uma solução de um parceiro nosso que permite contar o número de pessoas que estão na sala e a sua distribuição. Haverá uma câmara que registará a disposição da sala e, através de processamento de imagem, com algoritmos de ML, será possível perceber se um determinado lado da sala está mais preenchido do que o outro. À entrada da sala, haverá avisos luminosos para guiar as pessoas, encaminhando-as a entrar pela porta oposta à do lado que já está preenchido. Agora imagine-se a usabilidade desta solução num hospital, num estádio de futebol, num concerto, ou em qualquer contexto em que haja um elevado número de pessoas. A solução consegue inclusive fazer uma previsão – se houver integração com uma app, as pessoas conseguem ter uma previsão da disponibilidade de lugares. Num concerto, por exemplo, permite que a pessoa saiba que, para se sentar na quinta fila, tem de entrar nos próximos cinco minutos.
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