A primeira edição do Smart Mobility Summit deu conhecer as principais tendências, desafios e oportunidades que moldarão o futuro das cidades numa era em que a conetividade estará por todo o lado. Mais do que aumentar a eficiência das cidades, o maior objetivo é melhorar a qualidade de vida dos cidadãos
Para uma cidade conseguir tornar-se inteligente a mobilidade é um dos fatores primordiais. Os cidadãos procuram cada vez mais conseguir movimentar-se de forma simples, rápida e pouco dispendiosa. Esta mentalidade tem levado à introdução de novos serviços que têm por base um custo baseado na utilização dos transportes. Para José Mendes, secretário de estado assistente do ambiente, estamos a caminhar cada vez mais para uma desmaterialização da mobilidade. Os utilizadores darão cada vez mais preferência à utilização de veículos num modelo as a service, onde poderão usufruir do serviço durante o tempo que necessitarem, sem realmente terem um carro estacionado na sua garagem. “Mais partilha e menos pertença”, frisou. Outra das grandes tendências de mobilidade serão os carros conetados. Cada vez mais o mundo se está a conetar e a partilha de dados nunca foi tão avultada. Estes dados podem trazer benefícios a vários setores e, no que diz respeito à mobilidade, os carros conetados permitirão reduzir o tempo que os cidadãos passam no trânsito (ao antempadamente indicar alternativas em caso de congestionamento), e aumentar a segurança à medida que reduzem a percentagem de erro humano, responsável pela grande maioria dos acidentes de viação. A importância da mobilidade foi reforçada por Antonio Ponzo Pellegrini, deputy mayor no Município de Empoli, uma cidade que se está a transformar pela via de uma melhor comunicação com os munícipes. Pertencente à área metropolitana de Florença, este município italiano conta com cerca de 50 mil cidadãos. Só nas principais cidades italianas, as pessoas movimentam-se em média 30 milhões de vezes por dia. Metade dos cidadãos em Itália optam por se movimentar no seu próprio carro, enquanto 24% recorrem à rede de transportes públicos e 26% optam por percorrer os seus percursos a pé, ou de bicicleta. Uma das principais preocupações deste município foi a de alargar as ciclovias existentes, por verificar que cerca de 71% das pessoas viviam a menos de 150 metros de uma ciclovia. Para conseguir ser bem-sucedida no seu processo de transformação, a Empoli comunica com os seus munícipes, seja para os avisar dos horários dos transportes públicos, e de eventuais perturbações, seja através da monitorização do trânsito, como forma de ajudar a descongestionar as estradas e otimizar o tempo dos seus cidadãos. Visto que grande parte dos cidadãos gostam de se movimentar de carro, o município irá investir em estações de carsharing e apps de estacionamento. Empoli tem também em vista a implementação de solições de smart lighting para melhorar a sua sustentabilidade. Smart Lighting: um caminho para cidades mais sustentáveisPara a Philips, a implementação de smart lighting é fundamental para aumentar a sustentabilidade das cidades, ao oferecer uma poupança energética entre 50 a 70%, só pela simples implementação de iluminação LED. Quando esta iluminação é acompanhada por uma camada de controlo inteligente, os ganhos podem ultrapassar os 80%. Numa intervenção denominada “How lighting will shape the cities of the future”, Ricardo Martins, business development manager, Philips Lighting, afirmou que as cidades ainda não estão preparadas para grandes implementações e que são necessárias mais iniciativas para as cidades abraçarem a inovação. De acordo com o responsável, a iluminação pública tem, em média, 20 anos de idade e, tendo em conta que só a iluminação pode totalizar praticamente 40% do consumo energético de uma cidade, “a tecnologia por si só não é suficiente”, indicou. Atualmente, de acordo com a Philips, apenas 2% dos sistemas de smart lighting estão conetados, com previsão de crescer até aos 35% em 2025. Para conseguir alcançar esta percentagem, a Philips está a trabalhar no desenvolvimento de um ecossistema de smart cities, através de parcerias estratégicas com players que investem fortemente nesta área, como é o caso da SAP, Vodafone e Compta. Para já, a Philips conta com alguns casos de estudo de implementação de smart lighting em países como os EUA e Argentina, através da implementação de Philips Smart Poles, desenvolvidos em conjunto com a Ericsson. Lisboa está a tornar-se mais inteligenteEficiência, produtividade e inovação foram as palavras escolhidas por Paulo Carvalho, da Câmara Municipal de Lisboa, para identificar os pilares que estão a moldar a capital portuguesa. Para o responsável, “o maior foco está nas pessoas” e é nesse sentido que Lisboa está a ser o epicentro da inovação e transformação em nome de um município mais inteligente e conetado. Para tal, a Câmara Municipal de Lisboa desenvolveu um projeto a cinco anos que recorre a parcerias com instituições públicas e privadas e onde as apostas estão direcionadas para a mobilidade, sustentabilidade e melhoria da qualidade de vida. A visão de que as instituições públicas e privadas se deverão unir em nome da melhoria da experiência dos cidadãos fois transversal a todos os intervenientes numa mesa redonda que contou a presença de responsáveis de empresas como a Brisa, PT, Turismo de Portugal, NOS, Câmara Municipal de Lisboa, e moderada por Bashara Hinnawi, da Beta-i. Todas estas empresas estão focadas em tornar a capital mais conetada e contam já com um conjunto de parcerias e de casos de estudo implementados na capital. |