O trabalho deixou de ser um lugar e passou a ser uma ação - foi esta a conclusão da Workplace Design Conference Lisboa, onde especialistas internacionais se reuniram para debater a transformação corporativa com base nas pessoas, na tecnologia e nos espaços.
A Workplace Design Conference Lisboa, que decorreu, no MAAT, em Lisboa, reuniu vários especialistas para debater e divulgar as novas formas de trabalhar e os espaços corporativos perante uma plateia cheia. Este foi o segundo de 25 eventos internacionais previstos pelo 3g Smart Group para 2017, onde se analisa a transformação corporativa com base nas pessoas, na tecnologia e nos espaços como alavancas de mudança. No nosso país, o evento contou com o apoio da APFM – Associação Portuguesa de Facility Management. Francisco Vázquez, Presidente do 3g Smart Group, que organiza as Workplace Conferences (WDC) abria o evento: “A transformação já faz parte do roteiro de muitas empresas, mas ainda há muito por fazer e não há muito tempo. É importante ter uma visão integrada do verdadeiro alcance do momento que vivemos na história do management e das organizações” e passou a palavra aos especialistas. Hélio Soares, CEO e Fundador da UP Partner, abriu as conferências com Flash Forward Generation, explicando como a evolução tecnológica nos trouxe um mundo em constante mudança “A nova normalidade é um desafio extraordinário no qual o mais importante são as pessoas. Neste contexto, as empresas devem trabalhar na formação de talento, esse é o grande capital deste novo paradigma” afirmou. “Em 2020 seremos 5 mil milhões de pessoas ligadas à Internet - 66% da população mundial. 65% dos postos de trabalho do futuro ainda não se criaram! Os nossos colaboradores têm de ser mais produtivos, mais inovadores e mais criativos. Esse é o grande desafio.” Carlos Aguirre, Responsável de Tecnologia da Sappiens, centrou-se na tecnologia como detonador da transformação. Aguirre explicou como para muitas empresas foi difícil levar a cabo os processos de digitalização, em grande parte por não terem um propósito claro. “Quando uma empresa enfrenta uma transformação digital ou um projecto com tecnologia, deve ter muito claro o seu propósito e a razão pela qual quer implantar determinada tecnologia. Se não, o que vai acontecer é que terá uma tecnologia entravada, que não vai servir, como aconteceu em muitos casos”. Como exemplo, refere o boom do big data: “Todas as empresas queriam ter um projecto de big data ou machine learning, sem se perguntarem para que o queriam ou porque o necessitavam. Ora, deve ser o propósito a liderar o processo tecnológico. A viagem real do big data deve ser: temos big data, que quando interage com as pessoas passa a ser small data, para depois se transformar em smart data (dados inteligentes) que nos permita tomar decisões simples. A tecnologia possibilita que uma coisa complicada se transforme numa decisão simples” Sergi Corbeto, CEO da Mind de Gap, falou sobre utopia e distopia, “Temos que fazer com que as empresas entendam que a transformação não é digital, é uma transformação antropológica.” Se não queremos transformar-nos em ciborgs, é preciso transformar os colaboradores das empresas em artistas. “Os líderes têm de permitir que as pessoas que trabalham nas suas organizações se transformem em artistas”. Na perspectiva de Corbeto, é preciso transformar as empresas, fazê-las passar de organizações piramidais, altamente hierarquizadas, a empresas circulares, “colocando as pessoas no centro”. “Para chegar à utopia o único caminho é que 98% das nossas decisões se baseiem na empatia”, concluiu. Depois de estar reunido durante toda a manhã para reflectir sobre O Papel do CEO na Transformação Digital, o painel de CEOs, composto por Jorge Marrão (Deloitte), Ana Paula Reis (Seldata), Miguel de Sousa (OKI) e Joaquim Paiva (Malo Clinic) partilhou as suas conclusões com a assistência. Como navegar a onda da transformação? A palavra-chave é confiança. “O primeiro a transformar-se tem de ser o CEO, é a ele que cabe dar o exemplo” conclui Francisco Vázquez. Seguiu-se a apresentação de dois case studies à volta de projectos de espaços corporativos realizados em Portugal pelo 3g Smart Group: Banco de Portugal (Jorge Afonseca, da 3 g Office e Bela Correia, em representação da instituição) e WiZink, com Afonseca e Inês Medina que salientou que “uma nova marca, novos valores e novas formas de trabalho pedem novos espaços”. Luís Miguel Garrigós, Sócio e fundador de Rrebrand Strategic Design, falou de emoções e valores como base de sustentação das empresas: “Se concretizarmos o sentido e os valores de uma organização, eles transformarão o comportamento e farão crescer a empresa. É preciso transformar a partir da identidade das empresas. Saber o que somos e com que sonhamos, partilhá-lo, empatizar e co-crear com os colaboradores é fundamental." Para concluir, Francisco Vázquez, Presidente de 3g Smart Group centrou-se na forma como a revolução tecnológica deu origem ao trabalho em mobilidade e como os espaços têm de adaptar-se aos trabalhadores móveis: “O trabalho deixou de ser um lugar e passou a ser uma acção. Isto alterou profundamente o conceito de espaço de trabalho. Saber o que querem as empresas, de que precisam as pessoas e o que nos dá a tecnologia, e a partir daí planificar como serão os espaços. É impossível mudar hábitos e culturas sem mudar o espaço. Culturalmente todos esperamos um posto de trabalho fixo, no entanto na era digital devemos esquecer a ideia de gabinete e escritório e começar a falar de espaços digitais. O novo espaço digital ocupa entre 30 e 40% menos de m2 que o espaço tradicional, com a consequente poupança de gastos."
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