A cloud tem vindo a tornar-se um importante fator de diferenciação. Segundo dados de um estudo da IDC, cerca de 70% das empresas a atuar em Portugal já utilizam serviços e tecnologia na cloud
As empresas portuguesas têm vindo a abraçar a transformação digital e as iniciativas associadas à cloud, sempre com um objetivo comum: o aumento da eficiência, quer no que diz respeito às suas infraestruturas de IT, quer também nos processos, assegurando-se ainda que estes se encontram em comunhão com as inovações do negócio. “A pandemia encontrou as empresas em diferentes estados de adoção [de transformação digital] e acabou por acelerar este processo”, explica Manuel Domingues, Diretor de Infraestrutura de IT do Novo Banco. A Sumol Compal era uma das empresas que estava a preparar um roadmap para começar a sua transformação digital e, com toda esta situação, viu-se forçada a acelerar o processo. Assim, optou por apostar na análise de dados e em soluções digitais e percebeu que “o caminho era a cloud”, garante Diogo Lopes, IT and Digital Transformation Diretor na organização. No MultiCloud Webinar Serie 2020, os especialistas da IDC e dos seus Parceiros falaram da melhor forma de delinear e avançar com uma estratégia multicloud. A cloud tem vindo a tornar-se um importante fator de diferenciação. Segundo dados de um estudo da IDC, cerca de 70% das empresas a atuar em Portugal utilizam já serviços e tecnologia na cloud ou estão em contacto direto com essa realidade. Os decisores das áreas de IT e negócio reconheceram que uma abordagem single-cloud ou one-size-fits-all não garante a abertura e flexibilidade que procuram. Por outro lado, o conceito multicloud apresenta-se como uma proposta promissora, permitindo otimizar recursos e infraestruturas de IT e suportando uma consistente entrega de serviços. Para Carla Arend, Lead Analyst, IDC Cloud EMEA Research há fatores que determinam o sucesso da cloud, como a construção de uma plataforma digital baseada na cloud que permita a capacidade de resposta, escalabilidade e resiliência, o alinhamento da adoção da cloud e a governação operacional de IT com os resultados de negócio e ainda a utilização da cloud como fator decisivo na inovação de cada organização. “Neste momento a maior parte das empresas já têm uma abordagem enquadrada na ideia 'hybrid multicloud'. 'Hybrid' no sentido de ser local ou na cloud pública ou privada, e 'multicloud' no sentido de ter vários cloud service providers diferentes. Esta tem sido uma tendência crescente em Portugal e no resto do mundo”, acrescenta Frederico Muñoz, Chief Architect da IBM. João Moro, Indirect and Hybrid IT Sales Manager da HPE Portugal, defende o modelo Multicloud-as-a-service como forma de inovação nas organizações, onde estas pagam apenas aquilo que utilizam, têm uma possibilidade de escalabilidade, flexibilidade e escolha. O facto do mundo ser hiperconectado é uma evidência. Existe um grande número de dispositivos e pessoas a produzirem dados, a conectarem-se entre si e a fazerem a partilha dessa mesma informação, o que levanta até algumas questões de segurança. “A produção de dados vai passar cada vez mais pelo edge. Hoje, os dados funcionam como uma moeda. Existem estudos que dizem que em 2022, 50% dos dados estarão no edge, sendo aquilo que está fora da multicloud e do data center” Rui Ribeiro, Diretor Geral da IP Telecom partilha a mesma opinião e acredita que “as empresas precisam de ser capazes de reagir a diferentes requisitos e às necessidades diárias dos clientes”, seguindo um modelo operacional baseado num modelo de negócio de transformação e ecossistema, em formas digitais de interação com o cliente e na reorganização do modelo-alvo e do digital landscape. No entanto, este é um conceito que tem também associado alguns desafios, como a falta de experiência a nível organizacional, tecnológico e de processos, no sentido de se assegurar uma transição abrangente e estruturada para a multicloud, bem como um controlo eficiente dos diferentes fornecedores de cloud e respetivos serviços, desde o desenvolvimento à faturação. “Existem limitações na adoção da cloud por falta de skills e por falta de perceção na observação naquilo que vai ser o ambiente de IT futuro”, garante Frederico Muñoz. A COVID-19 trouxe consigo uma nova forma de trabalhar e uma necessidade de colaborar virtualmente, criando desafios às organizações como é o caso da gestão das equipas. “A nossa adaptação à cloud foi uma coisa preparada e é importante que as empresas não embarquem neste processo sem uma estratégia. Utilizar a cloud para fazer o que fazemos on-premises com processos semelhantes, com o mesmo know-how não vai resultar em nada e é preciso adotar a cloud de uma forma estratégica”, conclui Pedro Enes, Cloud Architecture & Integration Competence Center Lead, EDP. |