A Noesis voltou a realizar, pela oitava vez, o Lisbon Data & AI Forum onde debateu as principais tendências referentes à inteligência artificial e a dados
Como habitual nesta altura do ano, Lisboa voltou a receber um dos principais eventos dedicados a Inteligência Artificial (IA) e dados: o Lisbon Data & AI Forum, que já vai na sua oitava edição, organizada pela Noesis. Depois de Nelson Pereira, Chief Technology Officer da Noesis, ter dado as boas-vindas a todos os presentes, foi a vez de Luís Gonçalves, Data & AI Director da Noesis, subir ao palco do Lisbon Data & AI Forum com o tema “How AI Can Destroy Your Company?”. “Queremos perceber se uma estratégia de IA pode estragar uma empresa”, refere Luís Gonçalves, que assume que é impossível “não falar do tema do momento”. O diretor de Data & AI relembra que “a inteligência artificial não nasceu com o ChatGPT; tem mais de 50 anos”. Nos últimos anos, diz, as organizações têm vindo a investir cada vez mais na inteligência artificial. “O ChatGPT e a IA generativa vieram trazer uma nova força para o mercado”, aponta. De acordo com a IDC, o investimento em adoção de inteligência artificial vai melhorar as operações existentes e desenvolver novos produtos e serviços. “Isto parece uma nova corrida ao ouro, com o ouro a ser a IA”, afirma Luís Gonçalves. Atualmente, as iniciativas de IA generativa focam-se em experiência e retenção de clientes (38%), crescimento de receitas (26%) e otimização de custos (17%). Ainda assim, “é preciso pagar estes investimentos e as empresas preveem aumentar os gastos no campo da inteligência artificial”. Assim, partilha, as empresas procuram melhorar a sua eficiência e produtividade, encorajar a inovação e melhorar os produtos e serviços existentes e é nestes campos, principalmente, que as organizações procuram investir no próximo ano. Parar antes de avançar“Houve uma rapidez muito grande para investir em IA, mas nem sempre havia um objetivo de negócio alinhado”, alerta Luís Gonçalves, que partilhou, também, que a maioria das organizações não fizeram o necessário para perceber os benefícios da tecnologia. “É preciso perceber porque é que queremos a IA na estratégia da empresa, onde é que vamos encaixar”, diz Luís Gonçalves. No caso da IA generativa, também é necessário “perceber porque é que se quer” fazer esse investimento. Para a Noesis, a estratégia passa por dar um passo atrás para depois seguir em frente, fazer uma pausa crítica antes de “desenhar uma estratégia de IA vencedora”. A estratégia, partilhada por Luís Gonçalves, deve passar por ter uma visão de inteligência artificial alinhada na organização e na missão da organização, criar uma abordagem de governance de IA para definir como se vai utilizar a tecnologia de forma ética e mitigando o risco, identificar as oportunidade de IA para ganhos de produtividade e transformação organizacional, priorizar a IA e construir um roadmap suportado por objetivos e, por fim, considerar como se pode fazer o re-skill da equipa, estruturar a organização e organizar os dados. Luís Gonçalves diz, também, que se deve começar dentro da própria organização, premiar a transparência, fazer o due diligence, endereçar as preocupações de privacidade e segurança e, por fim, “ir com calma”. Para além da tecnologia“O data governance acaba por ser o parente pobre da IA e da IA generativa. Se não fornecermos uma boa estratégia de data governance, não vamos ter bons resultados”, explica Luís Gonçalves, assegurando que é preciso, também, melhorar a literacia de dados das organizações, ter uma utilização responsável da IA generativa e, também, mitigar o ‘bias’. Para a Noesis, a tecnologia não é o mais importante da estratégia, ainda que seja necessário para implementar inteligência artificial e IA generativa nas organizações. Na estratégia, as organizações devem ter um portfólio de use cases claro e de alto impacto, criar uma estratégia ambiciosa e focado na gestão de valor e ter um forte ecossistema de colaboração. “Existem muitas situações onde os casos de estudo de IA não correm bem”, assevera Luís Gonçalves, que explica que isto acontece porque não há objetivos de negócio claros, a qualidade e disponibilidade dos dados não era a correta e acreditou-se demasiado nas capacidades da inteligência artificial. Assim, declara, os desafios para qualquer organização podem ser técnicos ou organizacionais. Do lado técnico, os desafios passam pelos dados incompletos e problemas de acesso em tempo real; a fraca qualidade dos dados que levam a insights errados que afetam a performance da inteligência artificial; a gestão de volumes de dados cada vez maiores; e a interoperabilidade e a integração com o legacy. Já do lado organizacional, Luís Gonçalves diz que os desafios passam pela falta de expertise em inteligência artificial, as expectativas pouco realistas, o orçamento limitado que restringe a adoção de IA e contratação e talento e, também, os problemas de compliance. “A IA pode destruir a vossa organização?”, questiona Luís Gonçalves, que logo de seguida dá a resposta: “não, mas pode custar muito tempo e muito dinheiro. Este é um mundo de oportunidades, mas devemos fazer da melhor maneira”.
A IT Insight é Media Partner do Lisbon Data & AI Forum 2024 |