No terceiro dia do evento da IDC, o Digital Leaders juntou alguns dos rostos mais proeminentes no digital português para discutir o futuro português – “as empresas são o motor de transformação da economia”
Novo dia de IDC Directions, novo painel de Digital Leaders. António Costa Silva, presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento (CNA) do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), Nuno Santos, presidente da Agência para o Desenvolvimento e Coesão (AD&C) e Vanda de Jesus, diretora executiva do programa governamental Portugal Digital, juntaram-se para falar do papel dos Fundos Europeus na Transição Digital da economia portuguesa. “Eu penso que o PRR pode realmente ser uma ferramenta de transformação, mas é preciso nos unirmos”, reitera António Costa Silva, pai do PRR, na abertura da discussão. No seu testemunho, o gestor, engenheiro e professor, lamentou o estado da economia portuguesa que afirma ter um quadro atual muito negro, com uma “enorme queda no PIB”, “capitais negativos nas empresas” e muitos desempregados, “tudo isto insustentável”, mas deixa a mensagem de que “podemos fazer muito melhor”. Com o PRR e o NextGenerationEU a injetar avultadas quantias na economia, “podemos passar a um modelo de inovação tecnológica e há potencial” para tal. Costa Silva aponta aspetos sistémicos e culturais portugueses como o grande entrave à progressão, opinião partilhada por Vanda de Jesus e Nuno Santos. “Nós somos um país que fala e colabora pouco”, “cético” e “demoramos anos e anos a tomar decisões importantes para o país” e isso é “demolidor do futuro”, assevera o rosto do PRR, acrescentando que “não podemos perder a oportunidade, mas temos de mudar o governance e funcionar de baixo para cima”. “Eu venho representar a transição digital e o impacto do PRR é enorme”, disse Vanda de Jesus, completando: “sei que é complexo, são muitas medidas, é difícil as empresas acompanharem, os documentos também não estão integrados e são difíceis de interpretar”, mas “os projetos já estavam idealizados antes da pandemia”, que os impulsionou e trouxe investimentos que abriram a possibilidade de se concretizarem. “A principal mensagem é que há imensas oportunidades”, conclui. Da sua experiência, Nuno Santos nota que “o tema dos fundos europeus é um teste enorme para a sociedade portuguesa” e, entre os vários fundos e investimentos, “são milhares de milhões que têm de ser discutidos”. O presidente da AD&C, criada para coordenar a Política Estrutural e de Desenvolvimento Regional e assegurar a coordenação geral e a sustentabilidade dos fundos europeus, vai “procurar modernizar a infraestrutura” económica portuguesa e, essencialmente, fomentar a compreensão dos planos – “é necessário divulgar mais e divulgar melhor, redefinir a mensagem com denominadores comuns, para que tanto os meus filhos como eu possamos compreender”. “O meu sonho é ter no fim deste programa várias micro multinacionais em Portugal” e, para tal, “temos de disseminar as boas práticas e falar das coisas boas que se fazem”, com “os bons exemplos das nossas empresas”, declara António Costa Silva. “Se realmente conseguirmos capitalizar as nossas empresas e inovar, vamos a caminho do futuro”, mas “sem capacitação digital” e “confiança”, “não há transformação digital”. Mas a digitalização passa por uma recolha e tratamento adequado dos dados e só aí, conta Costa Silva, “vamos ter uma intervenção mais inteligente no futuro”. O rosto do PRR conclui que deve haver o máximo de transparência, literacia, que deve ser fomentada, e um pensamento orientado para a criação de riqueza, não apenas a distribuição. Nuno Santos remata que o que “é preciso é fazer”, unirmo-nos e trabalhar em ecossistema. |