A primeira mesa-redonda do evento anual da IDC destacou a importância da transformação digital do último ano, determinante para o futuro das organizações: “temos de ter uma visão holística – quem não inova, não sobrevive”
O IDC Directions 2021 aponta na direção do futuro das organizações, sob o mote “Qual o Papel do Digital na Resiliência e Sustentabilidade das Organizações?”. Num mundo em constante mutação e com a pandemia como alavanca da transformação digital, a resiliência digital é crítica para a sobrevivência e crescimento das organizações e deve estar no cerne do negócio para os líderes empresariais. A capacidade de adaptação, os investimentos alocados em recursos digitais e a automação de processos definem a direção dos negócios do futuro e da competição. A arrancar o primeiro dia do evento, o painel Digital Leaders apresentou o tema C-Suite Tech Dynamics: New Budgets, Roles, and Use Cases, que juntou Gonçalo Caseiro, Presidente do Conselho de Administração na Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM); do ramo segurador, Rogério Henriques, Chief Executive Officer da Fidelidade e do ramo financeiro, o Executive Board Member do Banco BPI, Francisco Barbeira. Apesar do painel ser diversificado e incluir diferentes setores e experiências, houve concordância no que toca ao futuro das organizações. Agora, mais do que nunca, há uma maior disponibilidade para adotar soluções digitais, tanto por parte dos clientes, como dos colaboradores, que “tinham resistências, mas hoje lidam com as soluções de uma forma completamente diferente”, nota Barbeira. Se a pandemia já tinha potenciado a digitalização, “acho que vamos chegar ao fim da pandemia com muito mais adoção de canais digitais”, mesmo que não se tenha ainda atingido o objetivo da maturidade digital. Segundo Caseiro, o capital humano deve ser tratado como um elo forte e uma mais-valia da transformação dos negócios. Tendo em conta a urgente e apressada transformação do último ano e meio, potenciada pela pandemia – um “cisne negro”, segundo o líder da INCM – que fomentou “um confronto necessário”, que fez os decisores regressarem aos valores e cultura da organização. Num momento de aprendizagem e disrupção, os modelos laborais mudaram inevitavelmente e a relação com e entre os colaboradores tiveram de ser redefinidas, mas também a relação com os clientes. Rogério Henriques reitera que o “cisne negro” também trouxe coisas positivas, como um admirável mundo novo híbrido, que traz elementos positivos do in office e que são insubstituíveis como as interações e a cultura da empresa, mas introduz também a flexibilidade necessária para atrair e reter talento. “Não vamos voltar ao modelo anterior, porque agora não faz sentido”, disse, até porque “agora, quando contratamos há a pergunta do teletrabalho”, o “modelo do futuro”, em que “temos de encontrar o ponto que faz sentido para cada colaborador, cada empresa”, cada processo de negócio. Digital LeadersAgora que a tecnologia é mais vista como um investimento, “no centro de tudo” e menos como um gasto, refere o CEO da Fidelidade, o IT deverá fazer parte do negócio e “isso passa pelos processos de trabalho, que agilizam a organização, e não apenas o C-level”, porque um IT que não é eficiente “condena o negócio”. Gonçalo Caseiro nota que apesar do tema da liderança não ter mudado, “a forma como atuamos mudou. Mudou a governance. A proximidade é cada vez mais importante, criar empatia, um propósito. Penso que no futuro vai haver alguém sentado no board das organizações a pensar nas questões de resiliência", discussão de Francisco Barbeira ressalva já terem tido no passado. “Não podemos esperar, por exemplo, que acabarem os chips e as fábricas parem, vamos ter de antecipar outras cadeias de logísticas”, comenta Caseiro. Barbeiro continua destacando o papel da “consistência” como aspeto definidor das iniciativas de IT, da inovação e do seguimento do negócio. Caseiro concorda, completando que a consistência é que “distingue”, incorporando a inovação no quotidiano da empresa. Enquanto para o representante da INCM a inovação, absolutamente crítica para as organizações, é medida através de novos serviços e produtos lançados no mercado e, para a INCM, numa aproximação da academia. Para o CEO da Fidelidade, a inovação começa na mudança das experiências e melhoria dos processos – a “inovação incremental” – “mais fácil de pôr a funcionar, que a disruptiva”. Henrique conclui que “temos de ter uma visão holística; quem não inova, não sobrevive”. Francisco Barbeira, do BPI, termina a mesa-redonda ressalvando que a inovação “não é propriedade de ninguém, é uma responsabilidade de todos, de toda a organização”.
A IT Insight é Media Partner do IDC Directions 2021 |