Manuel Cabugueira, da ANACOM, Marta Capelo Gaspar, dos CTT e Carlos Moura, do Banco de Portugal, partilharam as suas visões sobre a regulamentação europeia, que entrou formalmente em vigor no passado dia 1 de agosto, e a forma como as empresas se podem preparar
O segundo dia de DSPA Insights, organizado pela Data Science Portuguese Association na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, arrancou com a apresentação de João Lopes e Bruno Lourenço, Head of Analytics e Sports Data Science, respetivamente, no Sport Lisboa Benfica. Os oradores levaram até ao palco desta 8ª edição um conjunto de use cases que mostram como os dados e o data science podem andar de mãos dadas, por exemplo, com o aumento da performance dos atletas. Com o AI Act à porta, as oportunidades e os desafios estiveram em destaque numa mesa-redonda que juntou Manuel Cabugueira, Board Member da ANACOM, Marta Capelo Gaspar, Director Competition and Regulatory Affairs nos CTT, Carlos Moura, CIO do Banco de Portugal, com moderação de Inês Antas de Barros, Partner na Vieira de Almeida e Associados. Manuel Cabugueira começou por sublinhar que existem um conjunto de questões que tornam o exercício de regulamentação da inteligência artificial “mais complexo”, ainda que não seja possível “impedir a inovação de avançar”. O board member da ANACOM considera que é necessário introduzir a regulação “por via de áreas de experimentação, sandboxes”, de forma a testar. O setor da saúde e financeiro são as duas principais áreas que poderão aproveitar as capacidades da aplicação do AI Act. Na visão de Marta Capelo Gaspar, é necessário “mudar a cultura que temos em termos de diálogo e com os stakeholders”, criando uma “cultura colaborativa” no contexto português, composto essencialmente por pequenas e médias empresas. É necessário “simplificar a questão da burocracia; é necessário desenvolver conhecimento interno”, remata Marta Capelo Gaspar. A diretora reforça a importância de envolver estes valores nos processos do dia-a-dia das organizações por forma a “criar confiança para a adesão da tecnologia”. Para Carlos Moura é necessário criar um “hub de partilha” e de aplicar vários níveis de risco face às mais diversas aplicações. “Há zonas de fronteiras nos chatbots, na análise de algoritmos mais “clássicos”, que vão ter as medidas de mitigação para o controlo das variáveis sensíveis”, afirmou o CIO, reforçando que o AI Act irá obrigar a “novas regras”, nomeadamente um olhar diferente para a arquitetura do negócio e para a necessidade de capacitação das pessoas no seio das organizações. Com o tema “AGI is coming! And then?”, Fernando Matos, presidente da DSPA, apresentou uma viagem no tempo da evolução da inteligência artificial, caracterizada pela sua maior versatilidade, capacidade de adaptação e autonomia. “Não tenho dúvida de que a inteligência artificial vai ser omnipresente em todas as coisas tecnológicas que utilizamos. Vão ter todas uma interface conversacional”, reforça Fernando Matos. Em declarações à IT Insight no final de mais uma edição, Guilherme Ramos Pereira, Executive Director da DSPA revela que o feedback dos participantes "é o melhor indicador" do sucesso do evento. "A DSPA tem tido o mérito de focar no conteúdo que traz a palco, no conteúdo que partilha", afirma o Executive Director, que se mostra orgulhoso na comunidade construída pela DSPA que desafia "o pensamento e as decisões das organizações", sempre com o foco nos dados, que são "o negócio dos nossos dias". |