DSPA Insights 2024: “Há uma maior adoção de IA generativa e os exemplos são cada vez mais inovadores”

Arrancou esta quarta-feira (18 de setembro) a oitava edição da DSPA Insights, um evento de referência em Portugal, organizado pela DSPA – Data Science Portuguese Association sobre os temas de Data Science e Inteligência Artificial.

A abertura da edição deste ano, que decorre na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, ficou a cargo de Fernando Matos, Presidente da DSPA, que começou por referir que o tema de Data Science e de GenAI era pouco debatido há alguns anos.“Há sete anos pouca gente falava nestes temas e hoje está nas agendas de CEO, responsáveis e das várias organizações”, garantiu.

Os conteúdos apresentados na DSPA Insights têm evoluído “quase exponencialmente”, revela Fernando Matos à IT Insight. Prova disso são os temas como a inteligência artificial generativa que, se o ano passado eram uma “novidade”, este ano são já uma “realidade instituída” nas organizações: “há realmente uma adoção maior de IA generativa e, obviamente, os exemplos que vão aparecendo são cada vez mais inovadores”.

“O tema da conferência de hoje é AI Enhancing Business, mas é sabido que se há umas décadas, ou se calhar não tantas décadas assim, os negócios pediam ajuda ao IT para desenvolver soluções para servir o negócio diretamente, e o pensamento core era o negócio, hoje o paradigma é completamente diferente”, acrescentou Guilherme Ramos Pereira, Executive Director da DSPA. 

Para Fernando Matos, o foco deste tipo de eventos passa por inspirar e levar a audiência a apostar em “bons projetos”. Guilherme Ramos Pereira acrescenta que “as pessoas que nos acompanham nestas conferências estão cá desde 2018 e vão continuar a estar, porque as organizações estão todas neste processo de transformação digital. Transformar digitalmente uma organização, um processo de negócio, não é um projeto de meses, é um projeto continuado, ou pode ser um projeto continuado por muito tempo, porque a tecnologia assim o obriga também”.

Colocar a tecnologia ao serviço da saúde: uma realidade que já chegou

Um dos nomes em destaque na manhã do primeiro dia de DSPA Insights 2024 foi Pedro Gouveia, Breast Surgeon & Medical XR Researcher and Futurist no Champalimaud Clinical Center, que levou até à audiência o tema do impacto da inteligência artificial na saúde e o papel crucial que pode assumir no setor e, transversalmente, na sociedade.

O cirurgião construiu uma equipa de engenheiros, físicos, software developers e profissionais de saúde que se dedicam a criar dispositivos médicos que possam impactar a vida dos doentes com cancro da mama, recorrendo à inteligência artificial aplicada à intervenção médica, mas também através da capacitação do cirurgião.

A evolução da esperança média de vida colocou o foco na importância dos dados. Pedro Gouveia considera que o problema de doenças como a diabetes não reside necessariamente numa maior inovação, mas sim na necessidade de “personalizar em escala e conseguirmos implementar a inovação que possa prever eventos adversos”. Hoje, “pagamos um custo muito elevado por não integrarmos tecnologia que causa impacto nos doentes, não só na qualidade de vida, mas também a detetar complicações”, reitera o cirurgião.

Para Pedro Gouveia, é necessário termos “uma medicina de alta performance, com elevada convergência da IA”. “Os doentes têm de ser incluídos como parceiros e informados sobre estas novas tecnologias. Isto tem de começar na escola primária, - o ensino da Saúde Digital e dos bons princípios”, sublinha o cirurgião, que aponta também para a utilização de uma orientação para os profissionais de saúde que “têm de fazer uma atualização de conhecimento sobre como é que podem utilizar estas ferramentas”. Nesta equação, os sistemas de saúde têm de ser também capazes de promover a escolha, o acesso e a implementação destas tecnologias no seio da prática clínica nas suas mais diversas vertentes.

Inteligência Artificial: O olhar das tecnológicas

“What’s ahead? The big techs view” foi o mote da mesa-redonda do dia que juntou representantes das principais tecnológicas. Manuel Dias, National Technology Office & Executive Board Member da Microsoft, considera que o ano de 2024 “foi o ano da sedimentação” dos modelos de GenAI, ainda que estejamos “muito no início” de uma “verdadeira revolução”. “O GenAI vai ser uma tecnologia de technical purpose. Não conseguimos prever”, admite Manuel Dias, que reforça a necessidade de as empresas terem de se adaptar a este tipo de inovação: “não podem ficar à espera que venha o próximo modelo, a próxima inovação”.

Luís Gregório, Technical Partner Architect da IBM, reiterou a ideia de passagem de um período de experimentação para a atual sedimentação. “Começam a aparecer metodologias e ferramentas para as organizações construírem os seus próprios SLM e LLM”, referiu Luís Gregório. A construção destes próprios modelos culmina numa maior capacidade das soluções, que se tornam mais rápidas e baratas.

Pablo Carlier, Head of Data Analytics & AI Sales Iberia da Google Cloud, refere que estamos a assistir a uma transição de “sistemas que compreendem as coisas para sistemas que nos dizem estas coisas”. Neste panorama, Pablo Carlier acredita que o “shift paradigmático” passa por dar à IA a “capacidade de pensar as respostas e colaborar com muitos outros agentes”, fornecendo acesso “ao mundo real”.