Num pequeno-almoço executivo, a IT Insight e a Kofax promoveram um debate sobre a automação inteligente de processos financeiros e documentais com o auxílio da inteligência artificial
A IT Insight e a Kofax organizaram, durante o mês de abril, um pequeno-almoço executivo com várias organizações nacionais convidadas para debater o tema da Inteligência Artificial (IA) e o seu papel na otimização e automatização de processos nas organizações. Numa era cada vez mais digital, a automação inteligente de processos ¬financeiros e documentais, com o auxílio da inteligência artificial, permite eliminar erros de entrada de dados, reduzir tempos de processamento e otimizar custos, face à opção de trabalho realizado exclusivamente por meios puramente humanos. IA já não é o futuro
Henrique Carreiro, Diretor da IT Insight, começou por partilhar que a inteligência artificial “é, hoje, incontornável”. A IA já não é algo de futuro, mas sim o presente. “Se há algo que a história recente nos tem dito é que as empresas que não eliminam a fricção, que ainda se mantêm presas a processos tradicionais, tendem naturalmente a desaparecer”, afirmou. Esta realidade atingiu cerca de 52% das empresas do Fortune 500 desde 2000. Aquilo que estamos a assistir agora é uma disrupção provavelmente mais profunda e mais rápida do que aquilo que aconteceu em 1994 com o aparecimento da Internet, explica Henrique Carreiro, que acrescenta que, em 1994, “um ano de Internet eram sete anos normais. Creio que, nesta altura, serão muito mais do que sete anos”. Os clientes procuram experiências sem fricção. Exemplo disso é a experiência que o cliente tem ao navegar na Amazon, “que nunca associamos a IA”; no entanto, o que está por trás da Amazon é a inteligência artificial. “Falava-se em motores de recomendação, mas o que está por trás de todo o sucesso de empresas deste nível é a IA”, mesmo que se dessem outros nomes à tecnologia. De acordo com Henrique Carreiro, aquilo que hoje temos clara noção “é que a IA – ou todo o conjunto de tecnologias que se falam sob o chapéu IA – são fundamentais para a transformação digital”. O que se tem estado a fazer nos últimos anos é preparar o terreno para um maior nível de automação. Quando se fala de automação pensasse muito em eliminar ou amenizar os silos dentro das organizações, sejam eles departamentais ou de dados, explica. Hoje, o que está a acontecer em termos de adoção da inteligência artificial é quebrar esses silos. A IA destaca-se mais na otimização de operação de serviços, eliminando a fricção. “Esta otimização de serviços tem precisamente esse objetivo: há um processo que para e diminui significativamente a eficiência da organização. A IA está a ser utilizada sobretudo para eliminar essas barreiras que conhecemos”, refere Henrique Carreiro. Kofax procura otimizar os processos das organizações
João Diniz, Senior Sales Account Executive da Kofax, partilhou que a Kofax era principalmente conhecida pelo tratamento e reconhecimento automático de documentos, “mas o que percebemos ao longo do tempo é que é necessário fazer esse reconhecimento [de documentos], mas temos de integrar muito melhor com tudo o que está à nossa volta”, indica. A informação tem de ser extraída e integrada no processo de negócio. A Kofax combinou as várias tecnologias de forma que não existam dois contextos distintos, para que não exista um contexto de tratamento documental e outro de processo de negócio. “Ao longo do tempo fomos integrando novas tecnologias e funcionalidades para permitir que se tenha um processo de negócio onde, se existem documentos, estamos preparados para os tratar, se existem robôs para serem executados também os tratamos de forma integrada”, explica João Diniz. Durante o evento, o representante da Kofax também partilhou casos de sucesso espalhados um pouco por todo o mundo e onde é necessária uma conexão entre a empresa o mundo exterior. Um desses casos é o da companhia aérea KLM onde a Kofax ajudou no processo de check-in de voos interna cionais. “O cliente tem de submeter o seu documento de identificação para poder viajar e é necessário fazer a validação desses documentos”, afirma. A Kofax trabalha com uma empresa que faz a validação forense dos documentos que ajuda, então, os passageiros a fazerem confortavelmente e com antecipação o check-in para o seu voo. A Kofax procura ser um conector dos vários micro serviços existentes para melhorar a experiência do consumidor e, também, os processos das organizações.
Ana Almeida, responsável da área de qualidade na área de engenharia, Vodafone: “Estou numa área 100% de tratamento de dados; somos responsáveis por perceber como está a qualidade dos nossos serviços para resolvermos os problemas ainda antes dos clientes se queixarem. O nosso objetivo é antecipar; tudo o que tenha a ver com antecipação implica tratamento de dados, porque se não teríamos de esperar pelas reclamações e estaríamos em modo reativo. Temos de procurar as fontes de informações certas e garantir que os dados que temos são transformados em informação que seja útil. Tudo isso implica a automatização do processo – que não é inteligente. Tudo o que tenha a ver com a extração dos dados, a transformação e a colocação destes dados numa base de dados que depois permita interagir com as outras entidades – sejam canais de apoio ao cliente ou processos internos – tudo isso, na nossa perspetiva, deve ser automatizado”.
João Saraiva, diretor de transformação e advanced analytics, Tranquilidade: “Estes processos fazem parte da transformação digital e faz parte do grupo diversificar cada vez mais nestas soluções. Temos essa necessidade de escalar a nossa atividade, também por alguma pressão de recursos e do lado dos custos, mas também porque queremos melhorar cada vez mais o serviço ao cliente. Acreditamos que a digitalização nos permite servir melhor o cliente. Temos obviamente desafios de integração com os nossos sistemas, mas também muitos desafios na adoção destas ferramentas. Não é tanto um chavão de inteligência artificial – faz parte deste ecossistema de soluções; o que sentimos é que o verdadeiro potencial destas ferramentas passa muito por alterar as formas de trabalhar”.
Manuel Pinto, diretor de sistemas de informação, Tranquilidade: “Um dos desafios que temos sentido é o grande escalar de soluções que existem no mercado, em que todos os dias existe uma nova solução para determinados temas. Isso não é fácil de gerir e é um desafio, porque, por exemplo, estamos a começar uma prova de conceito e já está alguém ao lado a dizer que é melhor. Estamos sempre a evoluir; isto está a tomar proporções gigantescas. Temos de ter o fail fast, aquele mindset que temos de colocar nas empresas. O segundo desafio é existir esta parceria muito estreita entre a área de transformação e o IT. É preciso ter uma ‘sponsorização’ forte de como é que este tipo de inovações de inteligência artificial tem de entrar na companhia e tem de ser uma prioridade. Na robotização, é preciso ter em conta que está a ser utilizada para automatizar processos que não estão bem desenhados à partida e isso é um problema”.
Tiago Botelho, planning and management control, EDP: “Há um problema neste momento que é a falta de recursos. Esse tempo é fundamental, não só na área de IT e digital, mas também em cada uma das equipas; é preciso que as pessoas tenham tempo de qualidade para investir e pensar no que estão a fazer, a forma como estão a fazer e como poderiam melhorar. Não só de uma área de IT; estou mais do lado de quem compra. Tenho uma série de processos que preciso de implementar e consigo ver onde tenho os principais pain points, mas não tenho tempo para me dedicar a implementá-los. Essa é uma das grandes dificuldades que as equipas vão sentido – é transversal – e é fundamental que as organizações se consigam organizar para que as equipas consigam investir e ter alguém que seja um responsável, um pivot, da digitalização, que vá atrás das pessoas e que garanta que as pessoas vão alocando esse tempo necessário”
José Lucas Martins, technology manager - robotic process automation, Novo Banco: “Isto é uma descoberta. Quando temos estas soluções on-premises em que o custo está a afundar, não temos tanta preocupação com a eficiência da utilização dessas mesmas ferramentas, nomeadamente dos dados. Quando vamos para a cloud, para um modelo de pay-as-you-go ou pay-as- -you-use em que cada coisa nos custa dinheiro, aí é que percebemos a dimensão do problema que criámos e temos de voltar a olhar para dentro e trabalhar uma visão não só de eficiência de processos, mas uma visão de eficiência da nossa própria utilização e racionalização de como usamos a informação. Temos uma dificuldade grande em medir o que não conhecemos; passar a conhecer exige um esforço grande”.
Paulo Silva, diretor de sistemas de informação e tecnologias, Eurobic: “A banca também tem o desafio da regulação e tem várias vertentes. Há uns anos, era impensável fazer uma abertura de conta remotamente; era impossível, o regulador não deixava. Hoje, já é usual. As novas gerações já não sabem o que é ir para uma agência. Na parte dos meios de pagamento já há uma evolução. No crédito, há um longo caminho de processos manuais, principalmente para as empresas – algum crédito particular já se consegue automatizar –, mas depois tem a componente do risco e há processos muito manuais. O desafio na banca, no futuro, é tentar automatizar o crédito; acho que é o maior desafio”.
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