Negócios digitais não se fazem apenas de tecnologia – exigem, sobretudo, líderes com a capacidade de implementar e gerir a mudança, aproximando pessoas, dados e processos. A Microsoft chama-lhes “Transformers”
Transformação digital é o tema da atualidade e exige líderes à altura. Este foi o mote do “Be The Transformers for the Digital Transformation”, evento que decorreu nas instalações da Microsoft Portugal, em Lisboa. A tecnológica quis sensibilizar os decisores empresariais para a liderança digital. “A transformação não é possível sem gestão da mudança”, realçou Paula Panarra, diretora-geral da Microsoft Portugal, que alertou para a necessidade de “haver uma vontade forte” para alterar modelos de negócio que se ajustem à economia digital - protagonizada por consumidores que procuram experiências personalizadas e na qual 60% do ciclo de compra acontece antes do contacto com o produto ou serviço. Paula Panarra deu o exemplo da própria Microsoft, que para se manter competitiva teve de tornar-se numa empresa de plataforma e produtividade como um serviço. Partilhou, ainda, exemplos de empresas que estão a abraçar o digital – desde o Banco CTT, um verdadeiro nativo digital, à própria Primavera, que adotou a cloud para escalar o seu negócio, passando pela Thyssenkrupp, que em Portugal está já a recorrer ao Hololens, dispositivo de realidade aumentada da Microsoft, para realizar a manutenção de elevadores. Por cá a Microsoft tem também a decorrer um piloto com o grupo Pestana para reconhecimento facial em real time, que nos EUA está já a ser utilizado pela Uber para garantir a segurança dos passageiros, através da identificação dos motoristas.
Como ser um digital transformer?Paulo Simões, partner Egon Zhender, empresa que se dedica à contratação de executivos, frisou que a sensibilidade e maturidade dos CEOs para a transformação digital tem uma correspondência direta na cultura organizacional. “A transformação digital é um tema de pessoas”, disse, enfatizando que o Chief Digital Officer (CDO) está mais próximo do CEO quando existe a noção de que é preciso mudar. “A liderança digital não pode ser delegada”, apontou. “Começa com o CEO e é top-down. No entanto, ainda não está na agenda dos CEOs portugueses”. Paulo Simões chamou a atenção para a importância de iniciar o processo de transformação com o foco no cliente. “Há a tendência para que esteja na operação, o que é errado. A transformação deve ocorrer com o cliente ao centro”, destacou, dando o exemplo das empresas na vanguarda do digital - Amazon, Google e Booking, todas customer-centric. O digital significa entender o negócio de forma holística, como um todo, e implica também valorizar o erro. “Se não existem erros significa que não se está a arriscar o suficiente. O que se pretende com a transformação digital é errar”, disse, apelando a que se contratem CDOs "capazes de trabalhar com o erro", uma caraterística que se encontra mais facilmente nas gerações mais jovens. "O talento digital tende a ser jovem". Sobre a importância do CDO, frisou que este tem de ser um líder da mudança e estar ao lado do CEO, que é, sobretudo, o motor da transformação da cultura empresarial, sem a qual o digital não pode ocorrer. "A cultura digital carateriza-se por ser aberta ao erro, centrada na experiência do cliente e recorrer aos métodos quantitativos e ao analytics para derivar conclusões", rematou.
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