No âmbito do evento AVEVA Digital World, as duas empresas juntaram-se numa round table, moderada pela IDC, para explorar o papel da transformação digital em épocas de crise e disrupção
Não é segredo nenhum que a atual pandemia e subsequente crise económica estão a criar uma dinâmica interessante face à transformação digital. A resistência a novos investimentos é muito maior, mas, paradoxalmente, muitas empresas deram em poucos meses um salto tecnológico de anos de forma a manter a competitividade e continuidade de negócios nesta altura de grande disrupção. Foi precisamente este o tema da primeira edição do AVEVA Digital World, que decorreu remotamente nos dias 16 e 17 de junho sob o moto “Digital Resilience for Turbulent Times”. Organizada com o suporte da Schneider Electric, que anunciou recentemente uma nova parceria estratégica com a AVEVA, a conferência contou com uma mesa redonda entre Jean Pascal Tricoire, CEO da Schneider Electric, e Craig Hayman, CEO da AVEVA, e moderada por Kevin Prouty, VP do Grupo IDC Energy and Manufacturing Insights. O debate focou-se em examinar o papel da transformação digital em tempos de grande disrupção e de que forma as empresas podem e estão a usar a tecnologia para alavancar os seus negócios no panorama económico desfavorável que estamos a atravessar.
Impacto e recuperaçãoÀ medida que os países começam a reabrir as suas economias, as empresas estão a recuperar a ritmos diferentes, dependendo da indústria, dimensões e características. Segundo um survey realizado pela IDC no final de maio, um terço das empresas já saíram do lockdown mas ainda estão a desenvolver uma estratégia para regressar à normalidade, e um quarto das empresas, já não estando em lockdown, ainda estão em modo de recessão, a analisar as novas dinâmicas de mercado para reajustarem os seus processos. Por outro lado, mais de um quarto das empresas estão a sair do modo de recessão – algumas por acelerarem os seus negócios, outras ao tomarem mesmo vantagem da situação. “Uma grande percentagem está a tomar partido das fraquezas da sua concorrência durante a crise para ganhar terreno no mercado,” explica Kevin Prouty, dando como exemplo o caso da produção alimentar. No investimento em tecnologia, a indústria fabril foi o setor mais impactados pela pandemia, tanto em operações como no investimento feito em tecnologia. Contudo, empresas produtoras de bens essenciais, cuja procura não foi afetada pela paragem da economia, e que, por terem investido previamente na automação das suas fábricas, puderam manter-se à frente da concorrência, uma vez que puderam continuar a sua produção sem comprometer a segurança dos funcionários e dos consumidores e, face à redução da concorrência, ganharam uma enorme vantagem competitiva. “Empresas mais preparadas digitalmente que já tinham começado a construir capacidades digitais específicas para as suas operações são as que estão a recuperar mais rapidamente”, conclui IDC
O poder da digitalizaçãoContudo, mesmo as empresas que não tinham investido proativamente na transformação digital no passado estão a beneficiar de investimentos reativos, à medida que se apercebem não só da vantagens competitivas do digital como também do papel vital que representa na continuidade de negócio durante este período disruptivo. Jean-Pascal Tricoire relata que “depois da pandemia, em muitos casos, os nossos cliente não tinham uma visibilidade do que estava a acontecer nas suas organizações e ninguém queria ir ao local. Havia uma grande necessidade de novas capacidades digitais para endereçar estes problemas, e o grande vencedor nesta situação foi a transformação digital”. “A transição para o remoto é naturalmente uma grande força motriz para a transformação digital, devido ao distanciamento social que as empresas têm de implementar”, continua o responsável. “O principal catalizador da trasformação digital é a necessidade de resiliência, através de tecnologias como asset performance management e manutenção preditiva. Na procura da eficiência para dar resposta à recessão, o digital é a melhor aposta para a eficiência e flexibilidade”. Um dos maiores desafios à adoção de soluções digitais é a inércia dentro das organizações – a resistência à mudança e a novos investimentos. O COVID-19, explica Craig Hayman, atuou como impulsionador da mudança, ao transformar vantagens em imperativos de negócio. “Por exemplo, muitas empresas, quando confrontadas com a possibilidade de investir em soluções de analítica pensavam que não havia essa necessidade, porque tinham funcionários no local a monitorizar as instalações”, explica AVEVA. “Mas agora, em muitos casos, deixaram de existir colaboradores nas instalações, e estas continuam a ter de ser monitorizadas”. Por este motivo, muitas empresas estão a tomar partido da situação atual para repensar os seus modelos de negócios e construir as fundações para o futuro das suas operações |