A desigualdade digital e falhas de cibersegurança são ameaças críticas a curto e médio prazo segundo os resultados do Global Risks Report 2022
Com a entrada no terceiro ano pandémico, segundo o Global Risks Report 2022, que apresenta os resultados da última edição do Global Risks Perception Survey (GRPS), os principais riscos a longo prazo são a crise climática, crescimento das divergências sociais, aumento dos riscos cibernéticos e uma recuperação mundial desigual à medida que a pandemia se prolonga. Na sua 17ª edição, o relatório incentiva os líderes a pensar além do ciclo de relatórios trimestrais e a criar políticas que giram riscos e que moldem a agenda para os próximos anos. O relatório Global Risks Report 2022 foi preparado para o Fórum Económico Mundial pela Marsh McLennan e pela Zurich e apresenta a visão de especialistas na identificação dos principais riscos globais a curto, médio e longo prazo e o top 10 de riscos globais por severidade para os próximos dez anos. O relatório explora quatro áreas de riscos emergentes: cibersegurança; competição espacial; uma transição climática desordenada e pressões migratórias, com cada uma a requerer uma coordenação global para serem geridas com sucesso. “A saúde e disrupções económicas estão a agravar clivagens sociais. Isto está a criar tensões numa altura em que a colaboração dentro de sociedades e entre a comunidade internacional será fundamental para garantir uma recuperação global equilibrada e rápida. Os líderes globais devem juntar-se e adotar abordagens coordenadas com os vários públicos para resolver os desafios mundiais incessantes e criar resiliência antes da próxima crise”, disse Saadia Zahidi, Managing Director do World Economic Forum. Para Portugal, são apontados os riscos de estagnação económica prolongada; crises de dívida em grandes economias; crise de emprego e de subsistência; desigualdade digital; e, finalmente, colapso ou falha dos sistemas de segurança social. A crescente dependência de sistemas digitais alterou por completo as sociedades, refere o relatório. Nos últimos 18 meses, os setores passaram por uma digitalização rápida, os colaboradores mudaram para teletrabalho sempre que possível e proliferaram as plataformas e dispositivos que facilitaram essas mudanças. Nesse sentido, surgem os riscos tecnológicos, como a desigualdade digital e falhas de cibersegurança, ameaças críticas de curto e médio prazo para o mundo, de acordo com os respondentes do GRPS, mas caem nas classificações de longo prazo e nenhum aparece entre os potencialmente mais graves, sinalizando um possível “blind spot” nas perceções de risco. A edição de 2021 do GRPS incluiu uma pergunta sobre os esforços internacionais para mitigação de risco. A Inteligência artificial e ciberataques transfronteiriços e desinformação são as áreas em que a maioria dos entrevistados acredita que o estado atual dos esforços de mitigação de risco está aquém do desafio, ou seja, os esforços estão na fase “não iniciada” ou “em desenvolvimento inicial”. Ao mesmo tempo, as ameaças à cibersegurança estão a crescer – em 2020, os ataques de malware e ransomware aumentaram em 358% e 435%, respetivamente – e estão a ultrapassar a capacidade das sociedades de preveni-los ou de responder com eficácia, nota o relatório. Barreiras menores à entrada de autores de ameaças cibernéticas, métodos de ataque mais agressivos, escassez de profissionais de cibersegurança e mecanismos de governance adaptados à pressa agravam este risco. O relatório prevê que ataques a sistemas grandes e estratégicos acarretarão consequências físicas em cascata em todas as sociedades, enquanto a prevenção, inevitavelmente, acarretará custos mais elevados. Riscos tangíveis – como desinformação, fraude e falta de segurança digital – também afetarão a confiança do público nos sistemas digitais, acrescenta o Global Risks Report 2022. As maiores ameaças de ciberseguança também correm o risco de separar os estados se os governos continuarem a seguir caminhos unilaterais para controlar os riscos. À medida que os ataques se tornam mais severos e de amplo impacto, as tensões já agudizadas entre os governos afetados pelo crime cibernético e os governos cúmplices da sua atuação aumentam, à medida que a cibersegurança se torna mais uma barreira para divergências – em vez de cooperação – entre os Estados-nação. No Global Risks Report 2022, desenvolvido com o apoio do Global Risks Advisory Board do World Economic Forum, Carolina Klint, Risk Management Leader da Marsh Continental Europe, afirma que “à medida que as empresas recuperam da pandemia, estão, e bem, a focar-se na resiliência organizacional e nas referências ESG (Environmental, Social and Governance). Com as ameaças cibernéticas a crescer mais rapidamente do que a nossa capacidade de as erradicar permanentemente, torna-se claro que nem a resiliência nem a governação são possíveis sem planos de gestão de riscos cibernéticos credíveis e sofisticados. De igual modo, as organizações precisam de começar a perceber os riscos espaciais, particularmente o risco com satélites, dos quais nos temos tornado cada vez mais dependentes, dado o aumento das ambições e tensões geopolíticas”. O relatório termina com reflexões sobre o segundo ano da pandemia de COVID-19, apresentando novas visões sobre a resiliência a nível nacional. O capítulo também recorre aos especialistas de risco do World Economic Forum – o Chief Risk Officers Community e o Global Future Council on Frontier Risks – para darem conselhos práticos sobre como implementar resiliência nas organizações. Top Riscos Globais a Curto Prazo (nos próximos dois anos):
Top Riscos Globais a Médio Prazo (nos próximos dois a cinco anos):
Top Riscos Globais a Longo Prazo (nos próximos cinco a dez anos):
Top-10 Riscos Globais por Severidade (nos próximos dez anos)
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