Em Portugal, a tecnologia é utilizada por mais de metade das pessoas para realizar chamadas telefónicas ou videochamadas de modo a combater a solidão
Ainda sem certezas sobre quando é que poderemos estar com quem mais gostamos de forma segura, sem riscos nem restrições, as pessoas recorrem cada vez mais aos benefícios da tecnologia para combaterem a solidão e sentirem-se mais próximas de amigos e familiares. Segundo o novo estudo da Kaspersky, uma parte dos portugueses (29,4%) passa pelo menos cinco horas por dia online a navegar nas redes sociais ou a conversar com amigos. Se já antes assim o era, a pandemia veio evidenciar o papel da tecnologia no combate à solidão. Em Portugal, 55,8% das pessoas inquiridas pela Kaspersky referem que utilizam a tecnologia para fazer chamadas telefónicas ou videochamadas com amigos e familiares e, consequentemente, sentirem-se mais próximos destes. Um número semelhante (42,4%) indica que o facto de enviarem e receberem mensagens de texto também os tem ajudado a fazer face à solidão que já sentiam ou que se acentuou nos últimos meses. De acordo com o estudo, mais de metade dos portugueses inquiridos (56,8%) diz que tem utilizado novas plataformas de videochamada para comunicarem, como o Zoom, por exemplo. No entanto, não são só as plataformas de videochamada que funcionam como uma ferramenta para atenuar a solidão, uma vez que 21% dos portugueses afirma que publicar mensagens no Facebook (ou outras redes sociais) contribuiu para que se sentissem menos sós. A psicóloga clínica Rita Salazar Dias, que analisou o estudo “Find Your Tribe” da Kaspersky, chama a atenção para os dois “lados da moeda”: a mesma tecnologia que está a desempenhar um papel fundamental para cada um de nós combater a solidão, também pode gerar dependência e, deste modo, perpetuar o isolamento. “O digital que permitiu aproximar pessoas distantes fisicamente, de algum modo, também gerou afastamento de pessoas fisicamente próximas e nalguns casos de risco facilitou mesmo o isolamento. Existem muitas pessoas, sobretudo adolescentes e idosos, que já estavam socialmente isolados. Os adolescentes mais virados para o mundo cibernauta que os afasta dos contactos afetivos e sociais tão importantes para o seu desenvolvimento saudável, e os idosos, no polo oposto, que não puderam fazer uso da tecnologia para quebrar o isolamento decorrente desta situação pandémica”, comenta a especialista. O relatório concluiu também que, além de utilizarem a tecnologia para fazer chamadas, enviar mensagens aos seus entes queridos ou comentar nas redes sociais, mais de metade dos portugueses inquiridos (57,6%) recorrem à tecnologia para ver programas televisivos ou filmes. Já 44,2% afirma que utilizar a tecnologia para ouvir música - através de apps, por exemplo - ajuda no combate à solidão. |