Os desafios e oportunidades do ramo segurador na criação de valor em 2022

O Global Insurance Report 2022, da McKinsey & Company, nota que a crise pandémica foi particularmente impactante na indústria dos seguros, mas que o setor está a recuperar

Os desafios e oportunidades do ramo segurador na criação de valor em 2022

O impacto da crise pandémica foi notório na indústria dos seguros – inicialmente o crescimento do setor abrandou e os lucros caíram em relação a 2019, especialmente na região Ásia-Pacífico. Contudo, informações preliminares sugerem que o setor está de volta e a recuperar. Os dados são da McKinsey & Company, que acaba de lançar a primeira edição do Global Insurance Report 2022, focado nos desafios e oportunidades dos fornecedores da indústria global de seguros, olhando para os desenvolvimentos do último ano e as formas como o setor está a envolver. 

A indústria dos seguros já enfrentava desafios antes do início da pandemia – que, agora, ganharam uma urgência ainda maior, explicam. Três fatores estruturais estão a desafiar o crescimento da indústria: primeiro, persistentes taxas de juros baixas; depois, pressões de preços impulsionadas pela transparência das taxas e opções de baixo custo, e, em alguns mercados, por websites de comparação de preços; finalmente, a procura orgânica, que está a crescer lentamente apenas nos mercados maduros. Segundo a McKinsey & Company, este último é particularmente preocupante uma vez que o crescimento das economias mais desenvolvidas provém, sobretudo, de aumentos de preços e não de volume ou cobertura de novos riscos – o que salienta, afirmam, o risco de a indústria perder a sua relevância ao longo do tempo.

A consultora explica que as insurtechs estão a impulsionar a inovação digital e a disrupção no setor, com os investimentos em tecnologias em todo o mundo a crescer de mil milhões de dólares em 2004 para 7,2 mil milhões em 2019, para 14,6 mil milhões em 2021. Mais de 40% das insurtechs estão focadas nos segmentos de marketing e distribuição da cadeia de valor dos seguros, permitindo-lhes ir de encontro às necessidades dos clientes através de uma experiência de cliente digitalmente melhorada que pode representar uma ameaça competitiva para os operadores estabelecidos. Assim, a consultora conclui que uma experiência de cliente digital distinta será um pré-requisito para o crescimento da indústria, e muitas seguradoras serão obrigadas a formar parcerias ou a fazer grandes investimentos.

Nos últimos cinco a dez anos, conta a McKinsey & Company, os corretores de seguros surgiram como os vencedores do setor, com investidores públicos e privados a reconhecerem a sua posição de força na cadeia de valor dos seguros. Mais, os retornos totais dos stakeholders são muito mais elevados para os corretores do que para outros segmentos do setor, e as empresas de capital privado estão a investir. Nesse sentido, a seguradora nota que a mudança para o digital é possivelmente a última oportunidade para as seguradoras recuperarem a vantagem na "luta pelo cliente".

Por outro lado, apesar de muitas seguradoras terem realizado programas de poupança de custos, os resultados não foram os esperados e as melhorias de produtividade foram limitadas. Como um resultado destes desafios persistentes, o lucro na indústria dos seguros está, essencialmente, paralisado, assevera a consultora.

Os desafios são profundos e os líderes de seguros têm, ainda, de lidar com uma série de tendências desencadeadas pela pandemia. Nesse sentido, no seguimento do Global Insurance Report 2022, a McKinsey & Company, apresenta os seguintes nove valores sobre os quais os líderes do setor deverão procurar capitalizar: tornar as considerações de Environmental, Social and Governance (ESG) uma característica core do modelo de negócio; recuperar a relevância através da inovação dos produtos e da cobertura de novos riscos; melhorar e personalizar o envolvimento e a experiência do cliente; envolver-se com os ecossistemas e as insurtechs; desenvolver novos negócios para a era digital; escalar o impacto dos dados e da analítica; modernizar as plataformas tecnológicas core; abordar o imperativo de produtividade; e, por fim, reimaginar a cultura, a diversidade e as formas de trabalhar para atrair e reter talento.

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