A transformação digital não gira em torno da tecnologia. No que a esta disfunção diz respeito, são os processos de negócio que ditam o tom. Para serem bem-sucedidas nesta jornada, as empresas têm de mudar a forma como fazem o seu negócio. O que é que ainda as impede de imergir na transformação digital?
De acordo com a Gartner, o número e empresas bem-sucedidas na transformação digital ainda é baixo. “Os negócios digitais exigem diferentes capacidades, práticas de trabalho, modelos organizacionais e até mesmo culturas", explica Marcus Blosch, research vice president, Gartner. "Mudar uma organização projetada para um mundo estruturado, ordenado, orientado a processos, para um projetado para ecossistemas, é difícil. Algumas organizações vão abraçar essa mudança, enquanto outras ficarão desatualizadas e serão substituídas”. Para a Gartner, são seis os obstáculos que estão a impedir as empresas de migrarem para o digital: Cultura Resistente à MudançaA inovação digital só pode ser bem-sucedida numa cultura de colaboração. As pessoas têm que ser capazes de trabalhar além das suas fronteiras e explorar novas ideias. Na realidade, a maioria das organizações está presa culturas de silos e hierarquias resistentes a mudanças. "A cultura é uma ‘matéria negra’ organizacional - não se consegue ver, mas os seus efeitos são óbvios", afirma Blosch. "O desafio é que muitas organizações desenvolveram uma cultura de hierarquia e limites claros entre áreas de responsabilidades. A inovação digital exige o oposto: equipas multifuncionais colaborativas e autodirigidas que não têm medo de resultados incertos”. Os CIO que desejam estabelecer uma cultura digital devem começar por definir uma mentalidade digital, montar uma equipa de inovação digital, protegendo-a do resto da organização para que a nova cultura se desenvolva. A ligação entre a inovação digital e as equipas centrais pode ser usada para escalar novas ideias e disseminar a cultura. Colaboração e Partilha limitadasA falta de vontade para partilhar e colaborar é um desafio não apenas ao nível do ecossistema, mas também dentro da organização. Questões de propriedade e controlo de processos, informações e sistemas tornam as pessoas relutantes em partilhar os seus conhecimentos. A inovação digital com equipas multifuncionais colaborativas é muitas vezes muito diferente do que os funcionários estão acostumados em relação a funções e hierarquias - a resistência é inevitável. O negócio ainda não está prontoMuitas vezes, os líderes empresariais são apanhados no hype do negócio digital. Porém, quando CIO ou o CDO quer iniciar o processo de transformação, o negócio nem sempre tem as capacidadess ou os recursos necessários. "Os CIOs devem abordar a prontidão digital da organização para obter uma compreensão dos negócios e da disponibilidade de TI", aconselha Blosch. Falta de talentosEste tem sido um dos maiores problemas que as empresas na área das Tecnologias de Informação tem enfrentado. No que diz respeito à transformação digital, a falta de talentos é ainda mais visível, visto que a maioria das organizações segue um padrão tradicional, isto é, com diferentes departamentos com preocupações individuais. Contudo, a digitalização aporta um tipo de estrutura organizacional diferente. Pessoas, processos e tecnologia misturam-se para criar novos modelos de negócios e serviços. Os funcionários precisam de novas capacidades, focadas em inovação, mudança e criatividade, juntamente com novas tecnologias, como a inteligência artificial (IA) e a IoT.
Práticas empresariais não apoiam o talentoEste ponto está, de certo modo, relacionado com o anterior. Ter o talento certo é essencial para asa empresas, mas ter as práticas certas permite que este funcione de forma eficaz. Processos tradicionais altamente estruturados e lentos não funcionam para o digital. Não existe uma norma que sirva a todas a organizações que pretendam migrar para o digital, cada uma deve encontrar a estratégia que mais se adeque a si.
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