Os rápidos avanços na inteligência artificial (IA) e noutras tecnologias estão a acelerar a criação de empresas inteligentes e a permitir que as organizações se incorporem no quotidiano das pessoas, segundo o Accenture Technology Vision 2018, o estudo anual da Accenture que destaca as tecnologias emergentes que terão um impacto significativo em diversas indústrias nos próximos três anos e que já são aplicáveis nos dias de hoje. No entanto, conseguir capitalizar nas oportunidades de crescimento, tendo simultaneamente um impacto positivo na sociedade, requer uma nova geração de líderes que dê prioridade à confiança e a uma maior responsabilidade.
O estudo deste ano intitulado “Intelligent Enterprise Unleashed: Redefine Your Company Based on the Company You Keep” sublinha a forma como os rápidos desenvolvimentos tecnológicos – incluindo a IA, advanced analytics e a cloud – estão a permitir que as empresas não só criem produtos e serviços inovadores, mas também transformem a forma como as pessoas trabalham e vivem. Este cenário está, por sua vez, a mudar as relações das empresas com os seus clientes e parceiros de negócio.
As tendências com maior impacto em Portugal
Segundo Pedro Lopes, managing director responsável pela Accenture Technology “Em Portugal existe um ecossistema de inovação bastante interessante do ponto de vista de startups. Por outro lado, temos em Portugal um hub de inovação bastante interessante que, nós como uma multinacional, estamos a tentar aproveitar, reforçando esta onda de inovação que está a acontecer no país”.
Das cinco tendências tecnológicas identificadas pelo estudo deste ano, duas terão maior aplicabilidade em Portugal: Inteligência Artificial, cada vez mais adotada pelas empresas em Portugal, que tem um enorme potencial do ponto de vista de ganhos de eficiência, ao permitir transformar a relação que as empresas têm com os seus clientes, numa lógica de uma maior personalização da oferta de produtos e serviços. E a outra é a Transformação das Arquiteturas de Sistemas, que permitem uma maior capacidade e agilidade no estabelecimento de parcerias.
O estudo reforça ainda que, do número de inquiridos em Portugal, 45% concordam que devido às tecnologias, as empresas estão mais presentes no dia-a-dia das pessoas, e 38% concordam inteiramente com esta afirmação. Além disso 49% concordam que a tecnologia já se fundiu na vida das pessoas e 44% acreditam completamente nisso.
Mais numa perspetiva empresarial, 55% dos inquiridos a nível nacional, considera que as suas expectativas, como colaboradores, estão alinhadas com as empresas nas quais trabalham. Relativamente à possível adopção global das novas e emergentes tecnologias, apenas 18% dos inquiridos acredita que essa transformação digital irá durar menos de um ano. Já a maioria, 36%, acreditam que essa adoção deverá durar entre 3 a 4 anos.
Internet das Coisas (IoT) e sensores inteligentes são as tecnologias nas quais as empresas portuguesas mais irão apostar no próximo ano, segundo 64% dos inquiridos. Logo a seguir surge a Inteligência Artificial, com 45% e em terceiro lugar, empatados, encontram-se a Impressão 3D e os wearables, com 36%.
Em jeito de conclusão percebe-se no estudo da Accenture que a maioria dos portugueses inquiridos (58%) acreditam que uma maior integração da tecnologia na vida das pessoas, está a transformar o relacionamento entre consumidores e empresas, numa parceria.
“Através destas novas parcerias com clientes, colaboradores e parceiros de negócio, as empresas estão a gerar maior confiança e a envolverem-se cada vez mais na sociedade, tornando-se cada vez mais indispensáveis e alimentando o seu próprio crescimento”, refere Pedro Lopes.
Visão global do estudo
Para desenvolver o estudo Technology Vision, a Accenture realizou inquéritos a mais de 6.300 executivos de empresas de TI em todo o mundo. Mais de quatro em cinco inquiridos (84%) concorda que, através da tecnologia, as empresas estão a fundir-se aos poucos no quotidiano das pessoa.
“A tecnologia está agora completamente inserida no nosso dia-a-dia e com um enorme impacto na sociedade”, refere Paul Daugherty, Chief Technology & Innovation Officer da Accenture. “Da mesma forma como as cidades se desenvolveram em torno dos portos e dos caminhos-de-ferro, o mundo está hoje a reconfigurar-se em volta das inovações digitais – e, consequentemente, das empresas que disponibilizam esses serviços. Esta realidade impõe um novo tipo de relação, concebida na base da confiança e da partilha de grandes quantidades de informação pessoal”.
O estudo da Accenture dá a conhecer que esta recente transformação tecnológica é única, já que pela primeira vez a mudança é bidirecional. As pessoas não estão apenas a utilizar os produtos e serviços das empresas, mas estão também a facultar informação e a aceder à mesma. Este nível de “inovação integrada” e o grau de confiança necessário implica uma relação muito estreita – uma verdadeira parceria baseada não apenas nos produtos da empresa, mas também nos seus objetivos e valores. Esta parceria bidirecional impõe também novas responsabilidades – para os consumidores, para os parceiros de negócio e para a sociedade como um todo – e requer liderança e compromisso por parte dos líderes das empresas.
As organizações mais experientes compreendem que estas expetativas sociais podem ser transformadas em algo forte e positivo dentro da empresa e estão a aproveitar o aumento de interações para construírem parcerias com clientes, colaboradores, governos e com as pessoas, uma realidade que se verifica em todos os setores de atividade e não apenas no consumo ou no retalho.
A Tesla, por exemplo, estabeleceu parcerias com governos para acelerar o desenvolvimento das orientações necessárias para os veículos autónomos. A Siemens, por seu lado, ao oferecer o seu sistema operativo MindSphere para a IoT, que pode ser utilizado para vários tipos de ativos, como dispositivos de fabrico, componentes de smart grid ou equipamento de geração de energia, está a criar novas parcerias e a posicionar-se dentro das próprias estruturas dos parceiros de negócio.
O estudo Accenture Technology Vision 2018 identifica cinco tendências tecnológicas emergentes que as empresas devem seguir se quiserem ser bem-sucedidas na economia digital dos dias de hoje:
IA como cidadão: o crescimento da IA para benefício das empresas e da sociedade. Para tirar o máximo partido do potencial da inteligência artificial, as empresas terão de reconhecer o seu impacto. À medida que a inteligência artificial continua rapidamente a evoluir, também aumenta o seu impacto na forma como as pessoas trabalham e vivem. As empresas que procuram capitalizar o potencial da IA devem reconhecer este impacto, treinando a IA para que possa atuar como representante responsável dos seus negócios.
Extended reality: o fim da distância. As experiências imersivas estão a mudar a forma como as pessoas se relacionam com a informação, as experiências e entre si. Através de tecnologias como a realidade aumentada e virtual, a extended reality é o primeiro tipo de tecnologia a “deslocar” pessoas no tempo e no espaço, pondo fim à distância.
Veracidade dos dados: a importância da confiança. Ao se transformarem para funcionarem de acordo com uma cuidada análise de dados, as empresas enfrentam agora uma nova vulnerabilidade: a informação incorreta, manipulada ou tendenciosa dá origem a perspetivas erradas e decisões mal fundamentadas. Para responder a este desafio, as empresas devem assumir um duplo compromisso: maximizar a veracidade e minimizar os incentivos à manipulação de dados.
Empresa sem atrito: concebida para parcerias em escala. Para crescerem as empresas dependem de parcerias baseadas em tecnologia, mas os seus próprios sistemas legados não foram concebidos para suportar esta expansão ágil e rápida. Para conseguirem assumir-se como Empresas Inteligentes e conectadas, as empresas devem primeiro procurar redesenhar-se o seu negócio.
Internet do Pensamento: criação de sistemas inteligentes e distribuídos. As empresas estão a apostar em ambientes inteligentes através da robótica, IA e experiências imersivas, mas disponibilizar estes contextos na vida real vai implicar não apenas o aumento de competências-chave e de capacidades específicas da força de trabalho, mas também a modernização das atuais infraestruturas tecnológicas.
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