Maioria dos portugueses valorizam inclusão e diversidade no espaço de trabalho

Segundo um novo estudo, a discriminação em função da idade ocorre com mais frequência e um em cada três trabalhadores europeus já a sentiu no local de trabalho

Maioria dos portugueses valorizam inclusão e diversidade no espaço de trabalho

Na Europa, a discriminação em função da idade ocorre com mais frequência, seguindo-se a discriminação de género, indica um estudo recente da Michael Page sobre sustentabilidade, com foco na diversidade e inclusão no ambiente de trabalho. Dos 4755 participantes a nível europeu, um terço afirmou sentir-se tratado de forma desigual devido à idade neste último ano. Entre os maiores de 50 anos, mais de 40% referiu que se sentia regularmente discriminado pela idade. E, num quarto dos casos, os colaboradores sentiram-se discriminados com base no género.

Em Portugal, a discriminação devido à idade não parece ser um problema para 65,8% dos entrevistados, e apenas 3,4% afirma sentir a discriminação de forma permanente no seu local de trabalho. Mais de dois terços dos trabalhadores europeus sentem que não podem ser completamente fiéis a si próprios no ambiente de trabalho. Em Portugal, apenas 32,4% referiram que se sentem totalmente à vontade no local de trabalho.

Quando analisadas as causas que motivam esta situação, 53,5% dos portugueses defende que prefere separar a sua vida profissional da pessoal, motivo pelo qual não são tão “abertos”. Quando comparados os mercados europeus, o mesmo estudo revela que a Holanda é o país em que mais de metade dos colaboradores se sente totalmente à vontade no local de trabalho, alcançando o resultado mais positivo do estudo, enquanto, no extremo oposto, Itália apresenta menos de um quarto das pessoas que podem ser completamente iguais a si próprias no local de trabalho. Esta é, aliás, uma situação mais comum aos países do sul da Europa, em que existe a tendência de hierarquias mais fortes, fator que contribui, entre outros, para que o comportamento seja mais distanciado e menos verdadeiro. Entre os motivos de discriminação mais citados entre os colaboradores incluem-se a discriminação baseada no género, idade, etnia, orientação sexual e religião.

O estudo revela, ainda, que mais de metade das mulheres (e apenas 34% dos homens) entrevistados referem ser a favor da discriminação positiva para promover um equilíbrio de género mais estável na sua empresa.

A inclusão é o segundo aspeto para o bem-estar da organização que beneficia de uma força de trabalho equilibrada. “A diversidade é importante, mas não garante o sucesso. Um local de trabalho inclusivo é o segundo passo. Todos no local de trabalho terão de se aceitar mutuamente para conseguir atingir esse objetivo”, diz João Bernardo Gonçalves, Senior Manager da Michael Page. De acordo com o estudo, quase sete em cada dez entrevistados indicaram que é importante fazer parte de uma empresa que pratica diversidade e inclusão. E, em Portugal, 82% dos inquiridos refere que a diversidade de género é importante para o ambiente de trabalho.

Por outro lado, a análise mostra ainda que os candidatos avaliam cada vez mais os empregadores sobre as suas políticas de sustentabilidade. Além dos fatores de diversidade e inclusão como pilares importantes da sustentabilidade, os objetivos climáticos e o envolvimento social estão a ganhar relevância entre os colaboradores e candidatos a emprego. Dois terços das pessoas dizem que as iniciativas de sustentabilidade dos seus potenciais empregadores são “importantes” ou “muito importantes”.

Estas iniciativas de sustentabilidade (reciclagem, mobilidade elétrica, voluntariado e trabalho social, entre outras) influenciam a escolha dos candidatos a emprego relativamente à empresa. “O candidato julga um empregador pela visão, comportamento e implementação da Sustentabilidade. Atualmente é necessária uma política sustentável no sentido mais amplo, incluindo desde as metas climáticas a uma força de trabalho diversificada”, reforça João Bernardo Gonçalves.

Em Portugal, apenas 16,4% dos colaboradores considera que as políticas de sustentabilidade da empresa em que estão inseridos são suficientes e quase metade (49,1%) opta pela neutralidade na resposta relativamente a esta questão. Mas, quando questionados se aceitariam trabalhar numa empresa sem uma política de sustentabilidade, 63% dos entrevistados portugueses consideram que é um fator muito importante para a tomada de decisão.

João Bernardo Gonçalves  conclui que, “para ser fiel a si próprio no trabalho, é importante que empregador e colaborador partilhem os mesmos valores. Na procura de um novo emprego, é importante definir valores pessoais essenciais, e estabelecer prioridades no que é mais importante e menos importante na vida pessoal e profissional, definindo a distinção para si próprio entre o que é 'negociável' e 'não negociável'. Por exemplo, se o valor central é a flexibilidade, e este é um valor não negociável, é preferível procurar um empregador que tenha os mesmos valores fundamentais, pois se estiverem alinhadas as probabilidades de permanecer nessa empresa por um período mais longo de trabalho são maiores, o que traz habitualmente benefícios para ambas as partes”.

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