Apesar de os consumidores estarem a pagar mais pelos mesmos produtos, com um aumento de 12% nos preços, o comércio online cresceu 11% no terceiro trimestre
O e-commerce cresceu 11% no terceiro trimestre de 2021, mas apesar do crescimento, os dados do Shopping Index Report da Salesforce apontam para uma inflação preocupante, que faz descer o tráfego online em todas as categorias e setores, com os consumidores a pagarem mais 12% pelos mesmos produtos. A performance do retalho no terceiro trimestre foi forte, com os gastos online a nível global a crescerem 11% em relação ao período homólogo, uma recuperação face aos 2% do trimestre anterior. A categoria mobília continua a demonstrar uma boa performance, registando o maior crescimento em relação a outras categorias, com um aumento de 50%. Já a categoria de eletrónica e acessórios observou a maior queda nos gastos dos consumidores - 9%. É de notar que o crescimento das compras online é uma combinação entre o aumento no tráfego e o gasto dos consumidores e, este ano, é a primeira vez que se assiste a um aumento impulsionado inteiramente pelo crescimento do gasto por parte do consumidor, ao mesmo tempo que o tráfego está a diminui 2%. Contudo, a Salesforce indica que “não se trata de um declínio surpreendente”, devido ao retorno à vida normal pós-pandemia, que poderá significar menos visitas online e mais tráfego físico. Mas os aumentos nos gastos dos consumidores estão a assegurar o crescimento do e-commerce, com um aumento de 13% no terceiro trimestre. À medida que a economia emerge da pandemia, “era expectável que a inflação tivesse um efeito temporário sobre os preços, mas, oito meses depois, a realidade é clara: a inflação veio para ficar por muito mais tempo do que pensávamos inicialmente”, nota a Salesforce em comunicado enviado à redação. Impulsionada por uma maior procura por parte dos consumidores, por mais gastos governamentais, escassez de mão de obra e crise nas cadeias de valor, a inflação está a ter um impacto significativo na carteira dos consumidores. O gabinete de estatística americano estima que a inflação em setembro e em todos os setores foi de 5,4%, impulsionada principalmente por aumentos acentuados nos preços da energia. No entanto, os dados da Salesforce mostram algo diferente. Enquanto o instituto americano analisa dados através de uma combinação de pesquisas com consumidores e dados recolhidos junto do retalho, escritórios profissionais, e outros estabelecimentos, a Salesforce analisa dados transacionais de compras online e são tidos em conta os preços que os consumidores estão a pagar este ano – pelos mesmos produtos em comparação com o ano anterior – bem como os preços dos novos produtos que entraram no mercado, em comparação com o ano passado. O relatório refere que a inflação está a afetar o retalho e o consumo a um ritmo mais rápido. No terceiro trimestre de 2021, os consumidores em todo o mundo pagaram 12% a mais pelos mesmos produtos que compraram no ano passado. Os móveis estão a ter o maior aumento nos preços, crescendo 32% no último trimestre, devido aos desafios que a cadeia de valor da indústria enfrentou com a pandemia. Já a eletrónica e os brinquedos estão a demonstrar um aumento nos preços sem precedentes, com ambos a registarem um crescimento de 21% em relação ao ano passado. Olhando para produtos acabados de chegar ao mercado, o crescimento é ainda mais expressivo. Os novos produtos estão listados a um preço médio 14% superior aos novos itens que chegaram ao mercado no terceiro trimestre de 2020. Os setores que lideram são os da beleza, brinquedos, decoração e malas de senhora. |