A Red Hat organizou no passado dia 10 de outubro o seu maior evento em Portugal dirigido a Parceiros e clientes. Em entrevista, Edgar Antunes Ivo faz o balanço do Fórum e fala-nos sobre a crescente adoção do Open Source no tecido empresarial português
Como está a adoção de soluções Open Source em Portugal? O open source está a aumentar de popularidade em Portugal. De início, era apenas uma questão económica, com as poupanças na despesa como principal vantagem. Todavia, hoje o open source empresarial é cada vez mais importante a nível estratégico – em Portugal e no mundo. Isto é visível no recente inquérito global a 950 líderes TI – 69% afirmaram que o open source empresarial era muito ou extremamente importante para a estratégia de software empresarial de infraestruturas geral da sua organização, e apenas 1% não o considerou relevante de todo. 68% aumentaram o seu uso de open source empresarial nos últimos 12 meses e 59% espera continuar a fazê-lo nos próximos 12 meses. Os dois principais sectores de actividade a destacar em Portugal são os serviços financeiros e as telecomunicações. Uma empresa a referir é o Novo Banco, que tem executado um grande programa de transformação digital que se apoia em várias tecnologias open source. Uma das principais tecnologias de suporte a este programa é a plataforma de contentores da Red Hat, a Red Hat OpenShift, que permite que o Novo Banco implemente uma abordagem Hybrid Cloud, Multi Cloud. Mas estamos a ver este movimento em vários setores, com a adopção de tecnologias inovadoras e mais ágeis oriundas do mundo do open source.
As empresas preferem soluções Open Source ou software proprietário? Por norma, esperamos ver o open source usado em áreas que cresceram com a internet e com os padrões web — ou que são associadas a tecnologias open source emergentes, como os containers. Todavia, também assistimos a um aumento do open source usado em categorias que, historicamente, estavam mais associadas a aplicações proprietárias. Estas categorias incluem, mas não se limitam a, gestão da cloud, segurança, análise de dados e armazenamento. No inquérito acima referido, vemos que 43% dos respondentes utiliza ferramentas open source para gestão da cloud, 42% para segurança, 42% para big data e análise de dados e 41% para bases de dados. Além disso, sabemos que o software open source foi usado na modernização de infraestruturas TI para actualizar sistemas operativos proprietários, servidores de aplicações e software de virtualização. No entanto, o inquérito também mostra o uso disseminado de open source em vários aspectos do desenvolvimento de aplicações moderno (43% dos inquiridos), bem como iniciativas organizacionais a nível empresarial como a transformação digital (42%).
As pequenas e médias empresas já perceberam as vantagens do Open Source? Empresas de todos os tamanhos estão a utilizar o open source e, por vezes, as empresas mais pequenas são as que melhor compreendem as vantagens do open source. Um dos desafios é que, por vezes, sentem-se tentadas a usar software open source gratuito sem compreenderem claramente as vantagens do open source empresarial, e precisamos de continuar a educação nesta área. Como estas empresas têm, por norma, poucos recursos técnicos, é ainda mais importante usar soluções open source testadas, certificadas e com suporte. O espaço das pequenas e médias empresas é onde o nosso ecossistema de parceiros se torna ainda mais importante para proporcionar a estas empresas as competências necessárias, ajudando-as com a adopção do open source e com a sua implementação de forma segura, através do recurso às melhores práticas existentes.
Um dos principais receios associados ao Open Source por parte de algumas organizações prende-se com a segurança. O software Open Source é mais seguro ou as questões de segurança são as mesmas do que um software proprietário? A segurança é uma grande preocupação de empresas de todos os setores, dado que os hacks e as fugas de dados são notícias comuns. O que é interessante é que a segurança é vista como uma grande vantagem para utilizar open source, mas também como um obstáculo à sua utilização. Temos de ajudar a educar as organizações a distinguir entre código open source não gerido e software open source empresarial fornecido por fontes de confiança. O código não gerido pode ser encontrado na web ou através de dependências, e pode introduzir vulnerabilidades em soluções open source e proprietárias. Já o open source empresarial fornece um produto pronto a usar, certificado para cumprir determinados padrões e com ferramentas automatizadas para descobrir e corrigir problemas de segurança. O envolvimento das marcas de software empresarial em projectos open source faz com que elas e o resto da comunidade beneficiem de um conjunto muito mais alargado de talentos de segurança do que aqueles que as marcas de software proprietário conseguem gerir sozinhas, e isto reflete-se nos produtos finais. O open source empresarial é uma excelente forma de responder a riscos de segurança e deve ser um impulsionador chave, não uma barreira, à adopção de software empresarial.
Qual é o balanço que fazem do evento Red Hat Forum 2019? O Red Hat Forum traz o melhor e mais recente da cultura e da tecnologia open source a eventos locais por todo o mundo. Estamos muito felizes com o sucesso do Red Hat Forum 2019 em Lisboa. Sendo o primeiro fórum em Lisboa e o primeiro grande evento Red Hat a nível local nos últimos dois anos, ele excedeu as nossas expectativas relativamente à resposta de clientes e Parceiros. Organizámos eventos mais pequenos, mais especializados, nos últimos anos, com um elevado envolvimento, mas a participação neste Fórum mostra realmente o interesse que existe no nosso mercado. O Red Hat Forum é uma oportunidade para os nossos clientes, Parceiros e comunidades se juntarem e aprenderem, criarem redes e explorarem ideias e tecnologias. As apresentações e debates do dia em Lisboa pretendiam dar resposta a desafios essenciais que as organizações enfrentam hoje nas suas jornadas de transformação digital e o modo como o open source está a dar suporte às suas estratégias, como o Red Hat Enterprise Linux 8, enquanto alicerce da Open Hybrid Cloud, a Red Hat OpenShift enquanto plataforma de desenvolvimento de aplicações nativas da cloud para uma inovação mais rápida, e maneiras de automatizar, dar segurança e integrar aplicações e serviços para uma maior eficiência e agilidade. A beleza do dia para o nosso ecossistema foi a partilha dos grandes desenvolvimentos da Red Hat, não apenas a nível conceptual, mas também através de demos técnicas e sessões práticas de laboratório. |