Ao contrário dos cookies, que são armazenados localmente e podem ser apagados ou geridos pelos utilizadores, o novo método de impressão digital permite a recolha de dados dos consumidores, com base nas suas atividades online
Os reguladores e especialistas ligados à privacidade dos dados estão preocupados com a nova política de rastreamento dos anúncios da Google. Segundo o The Record, os especialistas alegam que a nova política dificulta a navegação dos utilizadores em modo incógnito, uma vez que recorre ao método de impressão digital para recolher dados, ao contrário dos cookies, que são armazenados localmente e podem ser apagados ou geridos pelos utilizadores. Depois da mudança reportada no passado dia 17 de fevereiro pela Google de cookies para a impressão digital, os anunciantes passam agora a poder recolher os dados dos consumidores com base nas atividades online, nos navegadores, em vários dispositivos. A nova política dificulta, assim, que utilizadores de VPN ou em navegação em modo privado, por exemplo, permaneçam anónimos. No caso das cookies, a Google permitia que os anunciantes rastreassem utilizadores apenas nos sites e, em alguns casos, nas sessões. Ainda assim, os utilizadores podiam bloquear anúncios, cookies, limpar a cache dos mesmos ou navegar em modo anónimo. No entanto, no caso da impressão digital, estas proteções deixam de estar disponíveis. A nova medida está a chamar a atenção dos reguladores, uma vez que a impressão digital retira aos utilizadores a capacidade de controlo sobre a sua privacidade. A impressão digital cria um “ID digital” único para o dispositivo de um utilizador, enquanto rastreia dados como endereços IP, versões de browsers, sistemas operativos, resoluções de ecrã, tipos de letra instalados e até dados comportamentais do utilizador, como os movimentos do rato. Na perspetiva de Jeff Jockisch, especialista data broker, o recurso às impressões digitais por parte da Google levará a uma mudança no ecossistema de anúncios, considerando que foi “aberta a caixa de pandora” devido à vasta possibilidade em recolher informações dos utilizadores através das impressões digitais. |