CEO de uma das principais fabricantes de semicondutores assume que a escassez de componentes poderá durar mais um ano, até porque a procura por parte de vários fabricantes – de várias indústrias – continua alta
A escassez de componentes eletrónicos é, atualmente, um ponto em cima da mesa. A ‘tempestade perfeita’ potenciada pela pandemia levou a que a larga maioria dos fornecedores de semicondutores não conseguissem produzir a quantidade necessária para suprir a procura. Assim, fabricantes de computadores e de veículos automóveis, entre outros, têm visto a sua produção ser afetada pelo ‘shortage’ que se faz sentir. Ainda que os números que vêm da China sejam animadores – no segundo trimestre de 2021, a produção de semicondutores aumentou mais de 40% em relação ao mesmo período de 2020 – o problema ainda se mantém. Numa entrevista à Bloomberg, Arthur Than, CEO da Integrated Micro-Electronics Inc. (IMI), a sexta maior fornecedora de serviços de fabrico de eletrónica para a indústria automóvel, a escassez de componentes generalizado pode continuar mais um ano, até 2022. O CEO da IMI afirma que “a capacidade dos fornecedores de chips foi canalizada para as novas necessidades” do trabalho flexível, como computadores e monitores, até porque, como diz, “ninguém estava a comprar carros ou andar de avião”. Com a abertura da economia, “podem sair [de casa], mas ninguém o quer fazer de comboio ou avião” e, como tal, “agora querem comprar carros”. Quem encomenda está a dizer que “aquilo que eu encomendava antes, quero encomendar antes”, explica; por outro lado, os fabricantes estão a dizer “transferi a minha capacidade para computadores, routers e outros bens”. Questionado sobre quando esta escassez vai ser aliviada, Arthur Tan refere que não é simples trocar a capacidade de produção de um lado para o outro; só é possível satisfazer os vários lados através da adição de mais capacidade. “Mas essa capacidade do lado dos chips não é instantânea. A preparação dos equipamentos de fabrico – a tecnologia e tudo mais – leva cerca de um ano. Ou mais, dependendo do tipo de chip que se procure”, indica. Em termos de previsões para a indústria – neste caso, de fabrico de semicondutores – existe uma luz ao fundo do túnel porque “nenhum dos projetos estão a ser cancelado. Se disser aos meus clientes que não consigo entregar, ou que consigo no próximo ano, ninguém cancela”. |