Um estudo recente indica que 75% dos profissionais de IT procuram mudar de emprego nos próximos dois a três anos
“Num setor tão competitivo como o da tecnologia, onde se encontram não só as tecnológicas, mas outras empresas de diferentes setores com departamentos de inovação e desenvolvimento, é essencial compreender o que procuram os profissionais”, comenta Eduardo Bicacro, Principal na Boston Consulting Group, que juntamente com a The Network, conduziu um estudo a cerca de dez mil profissionais de IT - Decoding the Digital Talent Challenge - com o objetivo de compreender o setor tecnológico e apoiar as empresas nas suas estratégias de retenção de talento. As conclusões indicam que cerca de 40% estão ativamente à procura de emprego e quase 75% esperam deixar o seu cargo atual num futuro próximo. Entre os principais fatores que levam os profissionais da área tecnológicas a mudar de funções, destacam-se a oportunidade de progredirem nas suas carreiras e a procura de novos desafios, indicados por 63% e 49% dos inquiridos, respetivamente. Para estes colaboradores, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional é o aspeto mais valorizado no emprego, ao qual se segue a boa relação com os colegas de trabalho. Também a compensação financeira, tanto sob a forma de salário, como de incentivos a longo prazo - tais como opções de compra de ações - ganhou terreno, passando do quinto para o terceiro lugar nas preferências, quando comparado com os resultados do último inquérito, realizado em 2018. A diversidade e a inclusão, assim como as questões ambientais, também aumentaram de importância no último ano para 61% dos profissionais da área tecnológica – metade dos inquiridos não trabalharia para empresas que não partilhassem as suas crenças sobre diversidade e inclusão, enquanto 48% adotam a mesma posição relativamente a políticas ambientais. Embora a crise pandémica não tenha tido o mesmo impacto nos padrões de trabalho dos colaboradores da área tecnológica, em comparação com outros setores, o trabalho totalmente remoto aumentou significativamente para os funcionários nestas funções, atingindo 76% no final de 2020, face a 41% em 2018. Dos inquiridos, 95% gostariam de manter alguma dessa flexibilidade, trabalhando pelo menos um dia a partir de casa e 25% gostariam de trabalhar de forma totalmente remota. Outros tipos de flexibilidade são, também, altamente valorizados, com 75% dos inquiridos a preferir trabalhar com horários total ou parcialmente flexíveis. Noutras conclusões, com a tendência do trabalho remoto a aumentar, a disponibilidade dos profissionais para mudarem de país diminuiu, registando 55%, menos 12% do que em 2018. Contudo, 68% dos inquiridos estariam dispostos a trabalhar remotamente para um empregador sem presença física no seu país, um valor significativamente mais elevado do que a média de 57% de colaboradores de outras áreas de trabalho, que não tecnológicas. “A pandemia veio derrubar barreiras físicas e a presença geográfica é um pormenor cada vez menos relevante na escolha de um emprego. É curioso, contudo, verificar que a realidade que temos vindo a observar em Portugal é uma tendência global e que podemos sobressair nesta competição, quanto mais cedo oferecermos opções realmente adequadas às preferências dos trabalhadores”, completa Eduardo Bicacro. O Reino Unido, os EUA e a Austrália lideram a lista de países onde o talento mais procura um emprego remoto. Já no que concerne a deslocação física para trabalhar, o Canadá é o destino mais desejável, tendo ultrapassado os EUA desde o último inquérito. Os países europeus, incluindo Alemanha, Suíça e França, viram a sua popularidade diminuir, enquanto Singapura e Nova Zelândia entraram no top dez do ranking dos países considerados, refletindo a situação favorável da COVID-19 nestes países. O Reino Unido manteve a sua quinta posição, sendo Londres ainda a cidade mais atrativa para a transferência de talentos digitais. |