O aumento do Índice de Densidade Digital (IDD) tem um impacto significativo na produtividade e no crescimento anual do PIB nacional. Quem o refere é a Accenture Strategy, que juntamente com a Oxford Economics, desenvolveu, pelo terceiro ano consecutivo, um indicador que identifica a real penetração das tecnologias nas economias de vários países. O IDD realça também que o impacto é tanto maior quanto menor a maturidade digital do país – pelo que o a diferença se traduz numa oportunidade clara de aumentar o ritmo de crescimento económico em Portugal.
Portugal surge entre as 25 primeiras economias do mundo analisadas pelo estudo, numa posição superior quando comparado com o PIB dos restantes países analisados.
A base deste estudo da Accenture Strategy centra-se no cálculo do Índice de Densidade Digital (IDD) dos países, analisando a evolução de mais de 30 indicadores que de forma ponderada representam o nível de competências digitais, a utilização de métodos de trabalho digitais (por exemplo, acesso móvel aos sistemas das empresas), o investimento em novas tecnologias (robótica, inteligência artificial, analytics), as infraestruturas do país (por exemplo, disponibilidade e velocidade da internet), as políticas e estímulos ao desenvolvimento de uma economia digital, entre outras variáveis.
Segundo Luís Pedro Duarte, vice-presidente da Accenture e responsável pelo estudo, "o papel das tecnologias digitais está a mudar – deixou de ser fundamentalmente de ganhos de eficiência para servir de base à inovação e disrupção em estreita relação com a estratégia de negócio".
O vice-presidente da Accenture refere que "as barreiras entre as indústrias estão a ser quebradas" e que "as empresas dominantes a ser desafiadas ou até ultrapassadas por novos modelos de negócio, alavancados em tecnologias digitais".
Iniciativas para o desenvolvimento da economia digital
Para Portugal beneficiar do crescimento económico, o estudo da Accenture Strategy identifica
as dimensões em que manifesta um maior distanciamento face aos casos de referência. São
assim detetadas as áreas de intervenção prioritária, onde se destacam a duplicação do peso dos especialistas de tecnologia na força de trabalho, de 2,5% para 5% e a necessidade de aumento da proporção do investimento anual das empresas em analytics e em soluções de cloud em 35% e 250%, respetivamente.
As competências digitais, diz a Accenture, dominam a lista das mais procuradas pelas empresas (da cloud ao data mining, passando pelo mobile development e pela cibersegurança). No entanto, o número de novos alunos formados pelas universidades nestas áreas não chega para
responder aos empresários portugueses. Em Portugal, revela a consultora, a percentagem de diplomados no ensino superior na área de ciências, matemática e informática é de apenas 7% (na Alemanha, por exemplo, é de 14%). Para pôr em marcha ações de capacitação digital, o país deve adotar modelos de recrutamento flexíveis e fomentar a reconversão de perfis para o digital.
A Accenture Strategy diz que é fundamental intensificar os esforços do desenvolvimento
de analytics para obter um maior conhecimento do cliente e garantir serviços mais
personalizados e simplificados. Com um investimento de cerca de 40 milhões de euros neste
domínio (dados de 2016), Portugal utiliza apenas 0,6% do orçamento do software das
empresas de tecnologia.
Segundo o estudo menos de 20% das empresas portuguesas utilizam serviços de cloud computing, com falta de sensibilização dos decisores a ser um fator de inibição. Como principais alavancas de valor da adoção de cloud para o negócio, destacam-se a sensibilização para a eficiência de custos, a atração de empresas internacionais para aumentarem investimento e, apesar de 71% dos executivos acharem ter uma estratégia digital bem definida, mais de 80% não tem a tecnologia nem as operações adequadas para a executar.
Literacia digital e Estado são aceleradores
Em termos de aceleradores, o Estado desempenha um papel fulcral na potenciação de
políticas e iniciativas que impulsionem as empresas e cidadãos na adoção do digital, diz a Accenture. Numa primeira instância, a promoção da literacia digital dos cidadãos está no caminho crítico para o desenvolvimento da Economia Digital. Em Portugal, 26% das pessoas nunca usaram
internet, comparativamente com 14% na UE28.
Esta investigação da Accenture Strategy realça que, estando ultrapassado o período de
constrangimentos financeiros do país que levou ao congelamento de várias iniciativas de
digitalização, é altura de se voltarem a promover iniciativas que garantam a
desmaterialização continuada dos serviços da Administração pública.
O IDD destaca também que a procura por capital e novos investimentos em Portugal que
ajudem a uma revitalização mais rápida da economia, pode ser acelerada através da captação
de investimento estrangeiro.
“A solução nacional está na proatividade em inovar e evoluir a um ritmo superior, e na
preparação das empresas para fazerem parte de um novo ecossistema: entre parceiros
internacionais e de outras indústrias, startups e universidades. Deve aproveitar-se a qualidade
das universidades portuguesas e estimular a competitividade das cidades, posicionando-as
como hubs de atração de talento e investimento”, conclui Luís Pedro Duarte, da Accenture.
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