Um novo estudo nota que a digitalização de recursos humanos em Portugal está num bom caminho – chegando a 84% –, mas ainda abaixo da média europeia, e que a grande maioria das empresas já recorre a softwares especializados para a gestão de tarefas de RH
A transformação digital está a ter um grande impacto na gestão de Recursos Humanos (RH) nas empresas a nível global, incluindo Portugal, e as empresas procuram cada vez mais softwares especializados para a gestão dos RH. As conclusões proveem do novo Estudo de RH 2021 da Factorial, que refere, também, que as mudanças na forma de trabalhar conduziram a melhorias significativas na vida dos colaboradores. Neste momento, o benefício mais valorizado em todos os países inquiridos é a possibilidade de conciliar a vida profissional e pessoal. No caso português, o nível de digitalização do setor dos RH é bastante significativo – chegando a 84,2%. Contudo, ainda é ultrapassado por grande parte dos países europeus, como o Reino Unido (96%), a Alemanha (94%), Espanha e França (ambos 91%); sendo equiparável apenas a Itália (84%). Ainda assim, o ritmo de digitalização em Portugal é bastante promissor em termos laborais, nota a Factorial, e o salto para o cenário digital é cada vez mais percetível. Assim, cerca de 46% dos colaboradores nacionais reconhece ter aumentado a produtividade graças ao teletrabalho, e 74% valoriza o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal que agora consegue ter. Do outro lado do Atlântico, na América Latina, países como a Argentina, Colômbia, México e Brasil seguem a ritmos diferentes da Europa, apresentando níveis de digitalização que variam entre os 70-80%, mas também com uma clara tendência para o teletrabalho e a digitalização dos RH. Finalmente, os EUA, com quase 300 milhões de utilizadores conectados à Internet, apresentam uma digitalização na ordem dos 90%. O caso portuguêsAdicionalmente, a Factorial descobriu que a maioria das empresas portuguesas já recorre a softwares especializados para a gestão de RH, como para os recibos de vencimento (66%), controlo horário (58%) e gestão de férias e ausências (51%), entre outras tarefas. O ambiente de trabalho contribui para esta tendência, pelo que as empresas que introduziram flexibilidade de horário e implementaram modelos de gestão de pessoas procuram cada vez mais estes softwares especializados. O estudo nota que estas plataformas digitais são tanto aliadas para as empresas – uma vez que facilitam a gestão de processos internos e permitem uma melhoria da comunicação interna entre os níveis de gestão e os restantes colaboradores –, como para os colaboradores – permitindo poupar horas de trabalho em processos manuais, melhorando a sua autonomia e produtividade. Mais, em 2021, a gestão de talento em Portugal manteve-se estável, com a taxa de rotatividade nas empresas a estabilizar nos 55%, os onboardings a subir cerca de 29% e os offboardings a diminuir cerca de 24%. Contudo, Portugal apresenta ainda relevantes disparidades salariais entre géneros: apesar de cerca de 63% dos cargos de RH serem ocupados por mulheres, são os homens quem recebe melhores salários, em todos os cargos e em todas as faixas salariais. Apesar do teletrabalho ter melhorado o bem-estar dos colaboradores, a incerteza ligada à pandemia levou ao aumento do stress das equipas. Nesse sentido, cerca de 22% dos inquiridos portugueses diz que, desde o início da pandemia, a sua produtividade foi afetada pelo stress. Cerca de 16% acredita, também, que as empresas ainda não colocam a redução do nível de stress como uma prioridade, e apenas 10% refere que a sua organização implementou medidas de combate ao stress. Assim, a Factorial conclui que o grande desafio dos RH para 2022 estará em colocar o foco na saúde mental dos colaboradores. |