Segundo um estudo, "o facto de as empresas terem informações sobre utilizadores que não tinham antes e ferramentas como a big data para explorar", abre a porta a violações de dados dos utilizadores
As empresas estão a aplicar cada vez mais técnicas de big data para extrair informações de valor dos dados dos utilizadores e desenvolver experiências personalizadas, publicidade direcionada, entre outras técnicas de marketing. Contudo, muitas organizações não estão a cumprir as condições impostas pelo RGPD, o que se traduz em potenciais multas elevadas. É de notar que o RGPD contempla sanções de até 20 milhões de euros ou 4% do volume de negócios global da empresa. Segundo uma investigação conduzida pela EAE Business School, em Espanha, em 2021 foram acumulados mais de mil milhões de euros em multas por incumprimento do RGPD, e as empresas mais afetadas foram a Amazon, o WhatsApp (Meta) e a Google. De acordo Pau Sabaté, coautor do estudo, "o facto de as empresas terem informações sobre utilizadores que não tinham antes e ferramentas como a big data para explorar, abre a porta para considerar como fica o utilizador nesta situação". Mais, explica que é muito difícil determinar até que ponto é benéfico para o utilizador aplicar técnicas de big data uma vez que, apesar de servir para fornecer serviços úteis, a prática está propensa a abusos que motivaram, em parte, o desenvolvimento do RGPD. Na investigação, a EAE Business School revela que, nos últimos cinco anos, o volume de dados criados ou replicados a nível mundial foi quatro vezes superior, e que, até 2025, o número poderá duplicar. Além disso, os investigadores acreditam que a tecnologia ainda não está madura o suficiente no que concerne a compreensão e gestão do impacto social, podendo levar a enviesamentos, desinformação e, até, tendências discriminatórias. "Este tipo de problemas, relacionados com a ética e a desigualdade, correspondem à área da equidade no âmbito de machine learning, e são difíceis de resolver, uma vez que não só requerem conhecimentos técnicos, como de conhecimento social", completa Aleix Ruiz de Villa, coautor do estudo e docente na EAE Business School. |