A utilização atual dos modelos digitais para a análise de trade-off não é capaz de melhorar os resultados dos decisores da cadeia de fornecimento, revela a Gartner
De acordo com a Gartner, a grande maioria (80%) do ambiente da cadeia de abastecimento não é tida em conta nos atuais modelos digitais dos decisores. Isto leva a que, apesar do potencial transformador destas novas ferramentas tecnológicas, a análise de trade-off digital falhe em melhorar os resultados dos decisores da cadeia de abastecimento. A investigação da Gartner, assente em 600 respostas de decisores da cadeia de fornecimento recebidas em dezembro de 2022, averiguou que a utilização atual de modelos digitais para analisar trade-off não impactou significativamente a taxa de bons resultados de decisão. A análise de trade-off digital – que inclui elementos como a análise hipotética, modelar cenários e simulações – é capaz de oferecer melhorias no poder analítico e clareza quando os processos são respeitados e potenciados por dados de alta qualidade. “A ‘lacuna entre o digital e a realidade’ continuará a dificultar os objetivos de desempenho da cadeia de abastecimento, a menos que os investimentos em tecnologia sejam complementados ao possibilitar o apoio à decisão para decisores locais e multifuncionais, que têm melhor visibilidade dos elementos ocultos e muitas vezes não digitalizados da cadeia de fornecimento”, afirma Suzie Petrusic, Senior Director Analyst da Gartner’s Supply Chain Practice. Segundo a Gartner, foram tomadas ligeiramente mais más decisões com a utilização da análise de trade-off digitais do que sem, verificando-se um aumento da percentagem de resultados de más decisões. Note-se que a investigação define uma “boa” decisão quando esta atendeu ao desempenho esperado da cadeia de fornecimento pelos decisores, bem como os resultados de custo, com um baixo arrependimento registado destes mesmos decisores. “Mais de metade dos líderes da cadeia de abastecimento que dependem da tecnologia digital para tomar uma decisão estratégica recente (por exemplo, decisões de S&OP, decisões de design de rede ou decisões de resposta a disrupção) disseram-nos que sentiram que teriam obtido melhores resultados de decisão sem a utilização dos seus modelos, e a nossa análise sugere que eles estão corretos”, aponta Petrusic. “A culpa não é apenas da tecnologia em si, mas sim da imagem incompleta da cadeia de abastecimento que estas ferramentas digitais capturam”, acrescenta Petrusic. “Até 80% dos processos reais no terreno que estes investimentos tecnológicos pretendem ‘otimizar’ nem sequer se refletem nos modelos digitais atuais”. Para a melhoria da visibilidade de ponta a ponta e dos resultados de decisão, os CSCOs têm dois caminhos principais: estratégias multifuncionais globais ou locais. Quanto à estratégia de escala global, esta continua inserida na digitalização total, com a destilação de processos complexos de ponta a ponta num modelo completamente digital e a obtenção de um nível de adesão aos processos que tem escapado aos líderes da cadeia de abastecimento até agora, explica a Gartner. Por outro lado, uma estratégia local exige a capacitação dos líderes locais e multifuncionais que já estão presentes na cadeia de fornecimento de uma empresa com direitos de decisão. Estes decisores beneficiam de uma visibilidade que não está disponível a nível global, podendo fazer uso da tecnologia a que já têm acesso, sendo que tomam boas decisões 11% mais frequentemente do que os decisores globais. A Gartner projeta que os decisores de escala local têm 83% mais probabilidades de tomar uma boa decisão, com o aumento da visibilidade humana através da tecnologia de análise de trade-off digital. Para melhorar a tomada de decisões estratégicas e o ROI digital, Suzie Petrusic recomenda aos CSCOs: a localização de decisões mais estratégicas para um nível multifuncional; a digitalização do elemento humano dos modelos de decisão local; e o aumento da digitalização dos processos ponta a ponta da cadeia de abastecimento. “Uma mudança para uma abordagem mais localizada não significa que os manuais digitais ou de globalização dos CSCOs precisem de ser reinventados, mas sugere que alguns ajustes podem ser feitos onde os processos localizados, de baixo para cima, podem fornecer uma imagem mais realista sobre o terreno e uma base melhor para a digitalização de segmentos de processos que, de outra forma, escapariam a uma abordagem global de cima para baixo”, diz Petrusic. |