Transformação digital do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas está a ser feita “com as pessoas e para as pessoas”

À frente da divisão de sistemas de informação do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas desde 2022, Luís Engrossa diz que a implementação da estratégia de transformação da entidade pública, que se encarrega de garantir a preservação dos recursos naturais nacionais e do bem-estar animal, começou antes dos impactos da pandemia. Contudo, desde então, a desmaterialização concretizou-se

Transformação digital do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas está a ser feita “com as pessoas e para as pessoas”

É no âmbito da valorização e conservação dos recursos florestais e da natureza e biodiversidade, assim como da preservação do bem-estar animal que o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) atua. Criada em 2012, a entidade pública estende-se a todo o território nacional, é constituída por cerca de 1.500 pessoas e é pautada pelo seu próprio passo. “Dinâmica ICNF” é como Luís Engrossa, Head of Information Systems Division do ICNF, descreve a combinação de um ritmo de trabalho acelerado com um ambiente “aliciante e agradável”.

Chegou à entidade em meados de 2019, mas, na sequência de uma reestruturação dos serviços, subiu ao cargo em maio de 2022. “As áreas de conhecimento do ICNF, muitas delas desconhecidas para mim antes, obrigam-me a um processo de constante aprendizagem e enriquecimento pessoal”, que o responsável muito preza, particularmente porque se “respira profundo conhecimento”.

Transformar para melhor servir os cidadãos

A transformação digital da organização está a ser feita “com as pessoas e para as pessoas”, afirma o responsável, e a sua estratégia nasceu de um propósito do atual Conselho Diretivo de avançar com um plano plurianual. A estratégia é definida por uma “transformação gradual e consertada das formas de trabalho” – dos métodos de trabalho das pessoas, explica.

“Tem sido nosso entendimento que um processo destes não tem tanto a ver com a tecnologia em si, mas essencialmente com os recursos humanos”. Foi aí que a organização começou; com ações de formação transversais, que, contudo, envolveram ferramentas digitais. Apesar do impacto da pandemia, que criou novas e extraordinárias circunstâncias, a entidade já teria iniciado o processo de digitalização antes, conseguindo adaptar-se à nova forma de trabalho e prestação de serviço, “sem colocar em causa questões de segurança”.                                                                            

O ICNF defende “uma lógica de incorporação dos processos de trabalho nas rotinas de funcionamento interno das aplicações, para que, perante uma solicitação, as pessoas a possam endereçar numa única aplicação

 

O impacto deu-se na adaptação do calendário da estratégia e respetivas iniciativas, redefinindo as prioridades, tendo em vista “garantir uma mais célere desmaterialização de alguns processos essenciais ao nosso funcionamento, sempre com o foco na manutenção da prestação de serviços aos cidadãos e empresas”.

Luís Engrossa garante que “houve muito esforço e perseverança por parte de todos, sem exceção” e crê que foram “bem-sucedidos perante esse inesperado desafio”.

Mas para que o sucesso se materialize, há fatores- -chave que orientam cada organização. O Head of Information Systems Division do ICNF destaca o incentivo da administração – com foco nas pessoas, na formação e no aumento da literacia digital –, aliado da disponibilização dos recursos e condições para desempenhar o trabalho “com o menor número possível de obstáculos”, nomeadamente no que concerne a tecnologia e sistemas de informação.

Além disso, Luís Engrossa explica que o ICNF defende “uma lógica de incorporação dos processos de trabalho nas rotinas de funcionamento interno das aplicações, para que, perante uma solicitação, as pessoas a possam endereçar numa única aplicação”, que possui todas as ferramentas, de forma integrada e independentemente da localização.

 

O ICNF “ambiciona estar na frente da inovação, em lugar destacado, entre as entidades públicas que mais inovam no nosso país”

Neste âmbito, a organização tomou outra estratégia para a adoção de metodologias ágeis de gestão de projeto, assim como do desenvolvimento aplicacional com base numa plataforma de low-code, explica. Aqui, começaram a desenvolver o Sistema de Informação Integrado do ICNF (SII-ICNF), ao qual chamaram RUBUS. O sistema pretende incorporar a maioria das aplicações disponibilizadas, tanto internamente como externamente, algumas já disponíveis ao público. 

Preservar o passado de olhos postos no futuro, assegurando o presente

São vários os desejos e projetos do responsável pela divisão de sistemas de informação do instituto:

  • Prosseguir com a implementação do Plano de Transformação Digital, dentro do calendário definido – tendo em conta as inevitáveis alterações fruto da pandemia;
  • “Concretizar um projeto de obtenção e exploração analítica de dados, que culmina na disponibilização, de forma estruturada, de conjuntos de dados relevantes no contexto das áreas de atuação do ICNF, sem colocar em causa o enorme manancial de dados que o ICNF já produz e disponibiliza regulamente, em áreas como os incêndios” e matérias relacionadas com representação de dados geográficos, onde Luís Engrossa afirma que o desenvolvimento de soluções e partilha de dados com outras entidades, sejam elas públicas ou privadas, tem um “historial notório”;
  • Prosseguir com o desenvolvimento de soluções no sistema RUBUS, através da adição de módulos aplicacionais e da introdução de melhorias nos módulos existentes ou em produção, que considera “essencial para a proteção desses investimentos”;
  • Endereçar e aprofundar temáticas no âmbito da segurança dos sistemas de informação e dos dados que albergam, num contexto de crescentes preocupações e de uma maior exploração de soluções tecnológicas baseadas em serviços cloud.

Luís Engrossa ressalva, por fim, a relevância do papel do ICNF, enquanto “guardião de uma memória coletiva que é de todos nós, ao ter a responsabilidade de preservar um repositório histórico inestimável de dados”, em parte “baseado em sistemas de informação analógicos”, “porque os sistemas de informação não são apenas digitais”, afirma.

Enquanto procura preservar um “legado coletivo único e inestimável”, o responsável diz que a entidade “ambiciona estar na frente da inovação, em lugar destacado, entre as entidades públicas que mais inovam no nosso país”. Assim, “aqui nos encontramos, a preservar o passado, mas sempre com os olhos postos no futuro e nas tecnologias emergentes, ao mesmo tempo que procuramos assegurar o presente”. 

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