"O fator mais importante é pensar digital e global primeiro"

O CIO do grupo Primavera BSS defende uma cultura digital empresarial, impulsionada por pessoas com fortes competências digitais, habituadas a utilizar diversas ferramentas e tecnologias. O tecido empresarial passará por reinventar processos, modelos de negócio e serviços diariamente.

"O fator mais importante é pensar digital e global primeiro"

O ADN

A Primavera é uma software house portuguesa, que nasceu na cidade de Braga em 1993 e rapidamente se expandiu para os mercados externos, sendo há vários anos líder de mercado no segmento de soluções de gestão em Portugal, Angola, Moçambique e Cabo Verde.

António Pereira, atual CIO da Primavera e DPO de todas as empresas do grupo, entrou para a organização em 1999, numa altura em que a empresa tinha cerca de 25 colaboradores e as funções de IT internas justificavam um colaborador a tempo inteiro.

“A minha entrada marcou, por isso, um ponto de viragem, já que passou a existir alguém dedicado a pensar as IT e não apenas um profissional para corrigir problemas ou responder às necessidades imediatas da empresa”, afirma. Foi também nesta altura que surgiram políticas de acesso aos sistemas, perfis de utilizadores, regras para utilização das TIC e os primeiros orçamentos de IT, tendo também começado a surgir as primeiras plataformas de serviço (licenciamentos, contratos, formação, suporte, etc.).

Com o passar do tempo, a equipa de IT foi crescendo e António Pereira foi convidado a assumir a coordenação do departamento, que passou também a integrar uma área de desenvolvimento, gestão de infraestruturas e de service desk. Mais tarde, com a entrada em vigor do RGPD ficou ainda responsável por garantir a sua aplicação nas soluções de gestão, formação e informação aos colaboradores e na melhoria dos processos.

“Apesar das quase três décadas de existência, sentimo-nos diariamente como se estivéssemos numa startup, pois estamos sempre à procura da próxima inovação, temos uma equipa que se foca exclusivamente em I&D e esta inquietude e busca constante por inovação e disrupção é algo que a mim me motiva imenso” e garante, “temos algo que não é muito comum: temos a experiência e o know-how adquiridos ao longo de várias décadas e o desassossego de quem procura ir sempre mais além, de quem procura surpreender os clientes com tecnologia inovadora e de surpreender também a sua comunidade interna com soluções tecnológicas que simplifiquem o dia a dia dentro da organização. Esta é uma empresa de frameworks e processos bem documentados, com políticas de benefícios, planos de formação e de carreira, e onde não faltam desafios e oportunidades”.

Do ponto de vista operacional, há ainda uma aposta muito forte e sempre crescente em tecnologias de suporte à execução das operações, promovendo a desburocratização e a simplificação dos processos.

A estratégia de transformação digital

A Primavera é desde a sua criação uma empresa digital, com processos, produtos e ferramentas digitais. A estratégia de uma empresa nativamente digital como a Primavera passa por reinventar os seus processos, modelos de negócio e serviços diariamente.

As soluções da Primavera são idealizadas e concebidas precisamente numa ótica de transformação digital das organizações, disponibilizando aos seus clientes a tecnologia certa para que possam trabalhar em rede, com excelente nível de serviço e segurança, proporcionando uma experiência única aos utilizadores e contribuindo para aumentos de eficiência e de satisfação.

A tecnologia tem um papel essencial nesta estratégia de transformação digital, mas o CIO da Primavera defende que é fundamental criar a cultura digital dentro da empresa e recrutar, formar e absorver pessoas ou empresas com competências digitais, habituadas a utilizar outras ferramentas e tecnologias.

“Há mais de uma década que criamos o PETI (Plano Estratégico de Tecnologias de Informação), um plano trienal, onde estão bem identificadas as guidelines para o período em causa”. Este plano resulta de uma discussão muito alargada e na qual estão envolvidos os principais stakeholders da organização, como colaboradores, clientes, parceiros e o board.

O PETI foi realizado através de um estudo conjunto com levantamento de necessidades, avaliando-se as tecnologias existentes, custo dos projetos, tempo de execução e definindo-se prioridades. É ainda levado em conta a evolução do próprio mercado, potenciais ameaças ao plano e oportunidades (análise SWOT). O plano na sua versão final é aprovado pela Administração e é implementado nos três anos seguintes sendo sujeito a revisões anuais.

António Pereira acredita que para uma empresa ser bem-sucedida neste processo de transformação digital, “o fator mais importante é pensar digital e global primeiro. Os modelos que resultam hoje para as empresas são baseados em tecnologias que garantem experiências digitais, tais como, as redes sociais, os smartphones, as compras online, a pesquisa na internet, os pagamentos contactless ou NFC. Para que uma empresa tenha sucesso no processo de transformação digital os seus produtos e serviços têm de estar disponíveis em qualquer lugar, a qualquer hora (ATAWADAC – Any Time, Any Where, Any Device, Any Content) e com a melhor experiência possível, ou seja, rápido, eficiente, cómodo e sem complicações”.

“Uma empresa digital como a Primavera vive em constante transformação digital”

António Pereira acredita que no contexto atual de pandemia, as principais preocupações de um CIO passam por garantir que os colaboradores em teletrabalho têm acesso a todas as ferramentas com a mesma performance e níveis de produtividade que os existentes no trabalho presencial; proporcionar excelentes níveis de operacionalidade dos serviços disponibilizados a todo o ecossistema, nomeadamente parceiros e clientes e aumentar os níveis de segurança digital dos sistemas e dos processos e a consciencialização das pessoas para uma utilização segura da tecnologia.

“Uma empresa digital como a Primavera vive em constante transformação digital”. Quando alguns processos e projetos terminam, começam outros e daqui a uns anos, António Pereira acredita que a empresa estará a reinventar processos recentemente alterados/digitalizados.

Quanto a objetivos futuros, a Primavera ainda tem alguma tecnologia legacy para substituir e pretende repensar e melhorar alguns processos, utilizando computação em cloud e big data.

E por fim, “temos uma organização que tem a inovação no seu ADN, por isso, é expectável que constantemente surjam novas metodologias de trabalho, novas tecnologias, novas frameworks e novos serviços que irão colocar à prova a nossa capacidade de inovação. E isso, para um CIO, é um desafio muito interessante”. 

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