Ricardo Madeira Simões, Chefe de Divisão de Sistemas e TIC da CM Amadora, conta alguns dos projetos desenvolvidos no âmbito da transformação digital no município da Área Metropolitana de Lisboa
Criado a 11 de setembro de 1979, o Município da Amadora estende-se por uma área de 23,79Km2, com perto de 172 mil habitantes, indicam dados dos Censos de 2021. Com um mandato conferido pelos cidadãos, tendo em vista a qualificação do quadro de vida das pessoas e das condições de desempenho das empresas e dos vários agentes da economia local, a Câmara Municipal da Amadora perspetiva a construção de uma cidade centrada nas pessoas, que fomenta a coesão e inclusão social, enquanto, simultaneamente, prepara o município para os âmbitos competitivo e de inovação, tendo o desenvolvimento sustentável na sua alçada. Ricardo Madeira Simões, Chefe de Divisão de Sistemas e TIC da CM Amadora, afirma que o organismo assume a “missão de planear, organizar e executar políticas municipais nos domínios urbanístico e do espaço público, da intervenção social e comunitária, da educação, ambiente, cultura e desporto”. Mãos à obraO responsável colocou mãos à obra enquanto gestor de segurança da informação na CM Amadora em 2016, altura em que a entidade obteve a certificação ISO 27001 (para a gestão da segurança da informação) e em que foi nomeada a Comissão de Segurança de Informação (Digital). “Cheguei à CM Amadora em 2011 para abraçar este desafio de ser dirigente em comissão de serviço numa autarquia, pois sou quadro Técnico da CCDR-LVT. Entre 2013 e 2018 participei, também, na certificação de alguns serviços da Autarquia (Departamentos e Modernização e Administração Geral, Polícia Municipal e Intervenção Social na certificação ISO9001:2008)”, explica o Ricardo Madeira Simões. Entre 2016 e 2018, coordenou os serviços do Departamento e Modernização. Projetos em carteiraNas suas mãos, e da equipa que o circunda, têm estado projetos como a melhoria contínua do parque informático, para a consolidação dos processos de modernização municipal e de implementação da Gestão Documental em Suporte Eletrónico, ou o desenvolvimento do software de computador (softphone) e a funcionalidade que permite aos funcionários que estão em teletrabalho terem uma extensão telefónica no seu posto de trabalho em casa. A equipa criou, ainda, na Intranet, áreas específicas de ajuda aos utilizadores, de forma a mitigar o esforço de aceder aos recursos TIC e a potenciar a produtividade sobretudo no contexto de teletrabalho. Para os cidadãos do município, elaboraram formulários para submissão online de candidaturas, evitando deslocações físicas. Ricardo Madeira Simões conta que o “desenvolvimento de aplicações de gestão de processos integradas com a Gestão Documental em suporte eletrónico e com a informação georreferenciada constitui um dos pilares da estratégia de modernização administrativa e transformação digital” da CM Amadora. Em paralelo, sob o desejo de uma Administração Pública de acesso online, com base na “desmaterialização municipal”, a equipa tem direcionado esforços para a criação e disponibilização de canais públicos de acesso a informação e a serviços prestados pela Câmara. O responsável municipal garante que já foi atingido um interessante grau de integração e de controlo de gestão de informação. A partir dos eixos transversais estratégicos Gestão Documental, Gestão de Entidades e Sistema de Informação Geográfica “já estão e deverão continuar a ser integradas todas as competências técnicas do município”, refere. “A nível de infraestrutura física, lógica e funcional iremos reforçar recursos e facilidades SaaS na cloud, assim como fortalecer e melhorar a solução de virtualização existente”, reitera Ricardo Madeira Simões. Além disso, pretendem reforçar as facilidades e recursos do data center principal e do site disaster recovery da CM Amadora e monitorizar e reforçar a segurança dos sistemas” – o que já está em curso. Decisões de sucessoPara o responsável da CM Amadora, o fator-chave que leva uma organização a ser bem-sucedida no seu processo de transformação digital é o “envolvimento e vontade da gestão de topo”. Reflete que, “sem esse apoio e envolvimento, qualquer estratégia nesta área, por muito boa que seja na teoria, terá pés de barro e um grande risco associado de insucesso promovendo o desgaste e desmotivação dos envolvidos”. Afirma, contudo, que não é um problema que se reflete na Câmara Municipal. Mas porque “não se fazem omeletes sem ovos”, são, também, essenciais para o sucesso, a existência de recursos financeiros e humanos capacitados. E finalmente, “deve ser aproveitada a aprendizagem, investimentos, equipamentos e metodologias de trabalho advindas da obrigatoriedade do teletrabalho causadas pela pandemia”. Anos difíceis, futuro incertoCom uma guerra em andamento, uma economia global instável, e o rescaldo de uma pandemia aumentou o número de ataques cibernéticos com sucesso a particulares, organizações e empresas em Portugal – uma das principais preocupações da CM Amadora. “Apesar de estarmos protegidos com diversas ferramentas reconhecidamente seguras, o risco é elevado”, denota. Por outro lado, a demora na entrega de equipamento informático devido à crise no mercado de semicondutores também desafia o município, assim como manter, evoluir e alargar o âmbito da certificação ISO 27001. É do desejo de Ricardo Madeira Simões a introdução de “novas tecnologias mais efetivas” com o objetivo de “inovar e a otimizar a digitalização e desmaterialização de processos melhorando a resposta dos serviços quer internamente quer ao munícipe”. Num segundo plano, pretende “alargar o Wi-Fi público municipal” e “potenciar os dados contidos dos Sistemas de Informação da CM Amadora de forma a criar indicadores de gestão e de predição para ajuda à decisão, com algoritmos de inteligência artificial, sempre respeitando o RGPD”. O responsável municipal, que perspetiva financiamento do PRR para agilizar a transformação digital, ambiciona o envolvimento em projetos smart cities e “colocar em produção o Dossier Digital do Urbanismo”. Segundo explica Ricardo Madeira Simões, “iniciou-se o suporte ao DAU, para implementar a solução da ePaper Dossier Digital. O ePaper faz a receção, validação dos processos urbanísticos e a análise pelos técnicos, e está integrado com o URB-OBP da Medidata”. Adicionalmente, o responsável expressa a vontade de “desmaterializar a médio prazo o departamento de habitação”, reforçar a “aplicação de senhas de refeição via intranet, com desconto direto no vencimento do trabalhador”, e seguir, continuamente, num caminho de digitalização dos serviços e processos do município. |